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O que era uma pena de oito jogos com portões fechados para o Fortaleza e sete para o Ceará determinada em primeira instância pelo TJDF-CE se transformou em 19 jogos para o tricolor e 14 para o Ceará, decisão desta quinta-feira do Pleno do mesmo tribunal.

As punições iniciais não teriam relevância porque seriam cumpridas, como eu tinha antecipado aqui no Blog, na Copa Fares Lopes, competição disputada no segundo semestre e que não tem qualquer importância para tricolores e alvinegros, já que dá ao campeão uma vaga na Copa do Brasil.

Caso a mais recente decisão seja mantida – ainda pode ocorrer reforma pelo STJD no Rio de Janeiro – quais os benefícios que ela trará?

Do ponto de vista que efetivamente importa, respondo de cara: nenhum. Foram 1580 cadeiras quebradas, um número absurdo e que retrata o tamanho da selvageria; invasão de campo, espancamentos, furtos, formação de quadrilha, brigas generalizadas e outros vários crimes tipificados no Código Penal cometidos. Número de prisões e ou inquéritos abertos: zero. Repito: zero. Quando um cenário deste porte ocorre e ninguém é efetivamente punido, o que esperar, então? Nada, efetivamente nada. É a falência total da sociedade.

Do ponto de vista esportivo, o máximo que será visto é uma preocupação maior de Fortaleza e Ceará na organização de clássicos, pagando mais seguranças particulares para conter possíveis invasões ou começando a cogitar a realização de jogos com torcida única.

Já escrevi e disse algumas vezes que sou contra punição de clubes por atos criminosos de seus torcedores, a não ser que fique provado que as instituições concorreram diretamente para cometimento de crimes e Fortaleza e Ceará nada fizeram para tanto. No há nenhuma relação lógica de que punir o clube diminuirá os índices de violência nos estádios. É uma terceirização da culpa sem causa e efeito e que, pelo contrário, estimula os reais criminosos a seguirem com comportamento violento.

Com a decisão – se mantida, repito – Fortaleza e Ceará vão cumprir alguns jogos na Copa Fares Lopes, mas muitos confrontos de portões fechados vão sobrar para serem cumpridos no Campeonato Cearense. Uma competição já deficitária e que vai se tornar melancólica.

Em tempo: o que é preciso questionar é a legislação esportiva. Os julgadores, diante da lei, agiram certinho e de acordo com o que está previsto.

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Fernando Graziani

Fernando Graziani é jornalista. Cobriu três Copas do Mundo, Copa das Confederações, duas Olimpíadas e mais centenas de campeonatos. No Blog, privilegia análise do futebol cearense e nordestino.

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