Troca de treinadores excessiva e com diferentes perfis; perda de atletas fundamentais e contratações sem critério para substituí-los, a não ser o quantitativo, logo após a disputa e o título da Copa do Nordeste; dispensas em série destes mesmos atletas recém chegados; novas contratações; péssima fase de jogadores que permaneceram e atuaram bem nos primeiros meses do ano; ausência de formação tática definida; completa falta de confiança e entrosamento; uma campanha de 11 derrotas em 18 jogos na Série B, com mais duas vitórias e cinco empates; nove pontos distante do primeiro time fora da zona do rebaixamento; pior ataque e terceira pior defesa; necessidade de vencer, pelo aproveitamento atual da competição, 11 dos 20 jogos que restam para não ser rebaixado.

O cenário acima descrito, se apresentado a qualquer um, aponta o caminho da Série C em 2016, mas o torcedor do Ceará mantém a esperança. O problema é depender apenas dela. Do ponto de vista prático nada neste momento indica uma melhora geral suficiente que faça a equipe mais do quintuplicar o atual aproveitamento de vitórias.

A derrota para o América-MG por 2×0, nesta terça-feira, foi mais um capítulo de um futebol desorganizado e sem reação. Os adversários apostam na má fase do Ceará e atuam no Castelão como se não fossem visitantes. Sabem que fazer um gol é garantia de bom resultado. As vaias sucessivas ganharam contornos de protesto mais grave, com tentativa absurda de invasão de vestiário, muros do clube pichados e tensão, manifestações que não vão adiantar rigorosamente nada, pelo contrário.

Não falta trabalho. Não falta empenho. A equipe é a que mais finaliza na Série B, a terceira que mais desarma. Mas falta futebol, talento e cabeça no lugar.  O time é o líder em cartões vermelhos, o segundo que mais recebe cartões amarelos. Há um descontrole evidente do elenco e voltar a se equilibrar é bem difícil no meio do caos, até porque parece inacreditável que estejamos falando de um clube que conquistou, com autoridade, reconhecimento nacional, boas contratações e merecimento, seu mais importante título da história em abril deste ano.

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Fernando Graziani

Fernando Graziani é jornalista. Cobriu três Copas do Mundo, Copa das Confederações, duas Olimpíadas e mais centenas de campeonatos. No Blog, privilegia análise do futebol cearense e nordestino.

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