Na loucura do dia a dia não há muito tempo pra chorar. Mas hoje foi diferente comigo.
Logo pela manhã soube da morte de Gildo, maior artilheiro da história do Ceará. Estava com 76 anos. Foram mais de 440 jogos pelo clube, 261 gols contabilizados – há um processo de revisão que está realizado de um período na década de 60.
Entre telefonemas, mensagens, coordenação da cobertura para o portal e pensando no conteúdo para o jornal impresso de quinta-feira, demorei um pouco para lembrar de quanta gente ficaria triste com a notícia, de que caiu o pano para um ídolo marcante.
Passei a lembrar dos tantos textos que já li sobre o atacante e das muitas conversas que tive com amigos e historiadores alvinegros nestes 15 anos que trabalho na imprensa esportiva. Ao mesmo tempo, precisava registrar aqui no blog. Página em branco e a facilidade com que eu escrevo se perdeu completamente. Me vi incapaz. Me vi triste pela família, pelos torcedores, por um futebol que não volta mais. Me vi mudo, mas precisava escrever.
Já na redação, Érico Firmo, jornalista dos melhores aqui do O POVO, me contou que o pai dele viu muitos jogos do Gildo, o conhecia da Gentilândia desde sempre. Liguei então para o Seu Cláudio. Queria conversar, entender o que Gildo significava para ele, buscar inspiração para um texto. Só que ele não sabia da morte do ídolo. Soube por mim. E a partir daí a conversa que tivemos me comoveu. Comoveu porque o futebol é algo espetacular, mas a gente esquece. Esquece por causa dos absurdos, da roubalheira, dos jogadores sem alma, dos dirigentes incompetentes e que não valorizam ídolos, do total apego ao dinheiro, da violência. Mas a essência ainda existe. É a essência do torcedor com o jogador. E a cada palavra de Seu Cláudio eu fui me lembrando disso. O que ele falou pra mim está abaixo:
“Graziani, conheci o Gildo desde a época de Torneio Início, que era um grande evento. Ele sempre foi uma figura completamente voltada para o futebol. Era um jogador espetacular, sabia fazer gols como ninguém. Nas nossas conversas mais recentes, sempre se lembrava dos gols que marcou, muitos em clássicos. E dizia que antes de finalizar, dentro do campo, ali da área, já via a torcida do Ceará comemorando, como em um gol contra o Fortaleza num lance com o Cícero Capacete. E ria, lembrava, se alimentava daquilo. Me lembro demais quando ele fez dupla no Ceará com um jogador chamado Fernando Carlos, a famosa dupla “tome bola”. O que posso dizer é que estou muito triste, muito. Faço questão absoluta de ir ao velório, ao enterro. Não há um jogador que represente mais o amor e o carinho da torcida do Ceará do que Gildo. Faz muito tempo que não vou ao estádio, mas certamente estaria em todos os jogos se Gildo estivesse em campo. Para mim, Gildo é imortal”.
Sexta-feira 19 de dezembro de 1969 – Jogo CEARÁ X REMO 2ª partida (volta)
Decisão Campeonato Norte-Nordeste (O Remo jogava pelo empate).
Local Estádio Presidente Vargas
45 minutos do segundo tempo de um jogo empatado em 2 X 2 onde o adversário seria
campeão.
Escanteio para o VOZÃO.
Escanteio cobrado na pequena área. O Goleiro François Thim com quase 2 metros sobe e não acha nada.
GILDO sobe e de cabeça marca o terceiro gol virando o placar que daria direito ao CEARÁ fazer a terceira partida decisiva no domingo.
Este foi o GOL mais emocionante do maior artilheiro do CEARÁ.
Eu não ví mas escutei tudo pelo rádio na voz do paraense radicado em Fortaleza, JULIO SALES que ainda está por aí para contar a história.
Hoje a nação alvinegra está de luto. MORREU o grande ídolo mas sua memória será sempre lembrada por todos nós alvinegros.
Vá em paz, grande artilheiro que nunca vestiu a camisa colorida como alguns outros que passaram por CAP.
ADEUS DA GALERA ALVINEGRA .
Este lance que envolve o Goleiro Cícero do Fortaleza (irmão do lateral direito do Ceará, WILLIAM) foi no primeiro jogo da decisão do campeonato de 1971.
O Cícero foi bater o tiro de meta e ficou “frescando” na frente do GILDO que estava postado fora da grande área de frente para a meta.
Quando o Cícero bateu o tiro a bola não pegou a altura que ele gostaria e o GILDO deu um salto e cabeceou a bola para o gol vazio.
Este gol proporcionou ao Ceará jogar por mais 2 empates para ser o campeão do ano que foi o que aconteceu quando EPANOR VÍTOR (outro monstro que vestiu o manto sagrado alvinegro) fez o gol histórico de falta contra o mesmo Cícero empatando o jogo em 2 X 2, decretando a conquista do VOZÃO e a PRIMEIRA quebrada de estádio do time das mangueiras.
Eles derrubaram o muro atrás do gol à direita das cabines de rádio do PV (local onde se concentra a torcida deles) até a metade em frente, além de quebrarem também as traves que precisou ser consertada em regime de urgência pois o VOZÃO iria estrear no domingo pelo primeiro Campeonato Nacional, o brasileirão da época.
Detalhe: nesse jogo eu estava lá e ví tudo, graças a Deus. Foi o primeiro campeonato do VOZÃO que eu ví pois o último conquistado havia sido em 1963.
OH!!! GLÓRIA.
Prezado FG e internautas bom dia!
Exelente texto e registro deste grande craque e cidadão Gildo.
Assisti muitos jogos com o Gildo vestindo a camisa nove do csc.
Sempre pra nós tricolores foi um adversário temido e respeitado.
Minha primeira partida no PV , foi a decisão de 1969,nela com um gol do Joãozinho fomos Campeões e nela estava Gildo , sempre por coincidência ou não dei sorte nas partidas do derby em que assisti com o Gildo em campo.
Mas não há como esquecer o magistral atacante que vestiu com tanto amor e competência camisa do nosso maior adversário.
Segue em paz Gildo e obrigado pelo que fizeste pelo futebol!
Isso mesmo! Gildo, acima de tudo, grande atleta do futebol cearense.
Cresci ouvindo os feitos e gols de GILDO,contados pelo meu pai,nas arquibancadas.Lembro bem de GILDO,nas antigas sociais do Pv,rodeado de admiradores,recontando inúmeras vezes seus gols,com simplicidade,simpatia e grandeza que só os grandes tem. Eu olhava para o meu pai e percebia que seus olhos ficavam cheios d’agua.Eles tinham a mesma idade.
Como esquecer GILDO, criança ainda ouvindo a transmissão pelo rádio, ” … bola com Gildo, passa por um , por dois AI É GILDO …”.
O campeonato sobre o ferrim, as partidas contra o Náutico. Lembranças de uma criança torcedora do vovô, que idolatra GILDO.
Graziani, parabéns pela matéria, muito boa, boa mesmo, e descanse em paz grande Gildo, vá na paz do senhor!!!!!!!!!
Como torcedor do Ceará desde 1963 tenho alguns momentos inesquecíveis. Ei-los: 1- o GOLAÇO do Gildo contra o Remo em 1969; o 1º tri campeonnato em 1963; 2 – o 1º tetra em 1978; o 2º tetra em 1998; o campeonato cearense de 2006; e a permanencia do Ceará na série B em 2015. Gildo foi o propulsor da minha trajatória de TORCEDOR DO MAIS QUERIDO. A quele gol ficou na memória dos alvinegros pra nunca ser esquecido, Gildo descanse em paz e Deus o coloque à sua direita. Nossas condolencias a familia enlutada.
Grazziani,falar do Gildoé difícil por que as palavras escolhidas têm que estar á altura da pessoa,cidadão ,ser humano e principalmente atleta que o Gildo foi;não é facil falar de ídolo,exemplo,espelho para quem gosta de futebol e falei muitas vezes seu nome,desde criança e êle sempre nos passou face de serenidade e nem mesmo a ingratidão da diretoria do Ceará em 72 mandando-o embora,diminuiu seu amor pelo CEARÁ e isso a torcida reconheceu,primeiro aplaudindo-o de pé quando fez gol contra o Ceará jogando pelo Calouros numa vitória de 4 x 2 e ao longo do tempo ,recebendo-o com carinho,admiração e saudade ,de quem mais respeitou manto sagrado do Ceará ( sua camisa ).Vai Gildo ,ficam a tristeza da saudade e a alegria da lembrança dos momentos felizes.GILDO=CEARÁ
B tarde Junior. Admiro sua dedicação e entendimento futebolístico. Gde abraço
Hoje estou com 60 anos, e a passagem do nosso ídolo Gildo. fez-me lembrar, de quando criança, imitando um locutor ESPORTIVO, gritava: ” AÍ É GILDO, ” com a sublime pureza da criança feliz, com os gols do notável e inesquecível atacante. HOJE NO CÉU OS ANJOS DO FUTEBOL GRITAM, ” AÍ É GILDO.”
Gildo. Não podemos esquecer a seleção cearense. Foi espetacular, formando dupla de área com Mozart Gomes.
Gildo Fernandes de Oliveira encantava até os adversários. As suas arrancadas para o gol era imbativel. Em tarde inspirada não tinha quem lhe segurasse. Seu melhor marcador, na época, ZePaulo, o Touro do Tobias, como dizia o fanático Jiulio Sales, esse duelo pegava fogo. Alternadamente um e outro levavam a melhor. Se respeitavam demais.
Saudade, grande GILDO.
Graziani, parabéns pela homenagem feita ao Gildo. Nenhum jogador se identificou tando com o Ceará quanto o Gildo. Pelos gols, pela categoria, pelo amor ao clube, pela raça, pelo caráter, enfim, o Gildo é que se tem de mais bonito na história do Ceará.
O relato do “Seu Cláudio” está perfeito (esse também é um grande alvinegro)
As minhas condolências a família deste grande ídolo, sou torcedor do fortaleza, nunca o vi jogar porém passei a admirar pelas as inúmeras conversas que tive com o Zé Paulo um dos maiores zagueiros que o futebol cearense ja teve ele me disse que de todos os atacantes que ele marcou foi o mais difícil de todos, quando tinha clássico a disputar era ferrenha.
A RECORDAÇAO QUE TENHO DE GILDO, FOI NO SEGUNDO JOGO CONTRA O CLUBE DO REMO DO PARA, GANHAMOS DE 3X0 E FOMOS CAMPEÕES DO NORTE E NORDESTE EM 1969, JA SE VAO 47 ANOS.
Este depoimento do Sr. Claudio fez-me descer as lágrimas. Vi Gildo varias vezes no velho PV e o que mais lembro foi o gol dele contra o Remo. O PV quase não se esvazia, pois a torcida não saia. Fui um dos últimos a deixar o estadio. Na época eu era estudante no colegio João Pontes,primeiro cientifico.
Muitos foram os artilheiros que passaram pelo vozão, mas um fez história e foi e será sempre ÍDOLO para a torcida do Ceará, assim como o PELÉ é para o Santos e para o Mundo.
Lá de Cima ao lado DELE, tenho certeza que a torcida do Vozão irá sempre venerá-lo como seu maior Idolo.