Por André Victor Rodrigues

Os primeiros meses do Ceará em 2016 foram completamente improdutivos e geraram prejuízos que o torcedor alvinegro não esquecerá tão fácil. Contratações sem retorno, a teimosia e falta de habilidade na prancheta de Lisca, a temporada que não começou quando deveria ter começado. Ao resetar o planejamento equivocado para tentar salvar a temporada às vésperas da Série B, a diretoria do Vovô assumiu o risco. Hoje respira mais aliviada por acertos pontuais, que têm importância crucial no bom momento atual vivido pelo time no Brasileiro.

Ao vencer o Náutico em casa, no último sábado, o Alvinegro de Porangabuçu subiu para a vice-liderança da Segundona. Está sem perder há quatro partidas – três vitórias e um empate. Uma crescente que passa fundamentalmente pelo retorno do técnico Sérgio Soares e sua competência em estudar as melhores formas de se montar uma equipe competitiva. Mas também pela qualidade de assimilação mostrada pelo grupo de jogadores, ajustado durante as primeiras rodadas da Série B.

Os tropeços foram indicando os caminhos para Sérgio. E admitir que o time não estava rendendo e precisava de mudanças, sem aquela teimosia do treinador que começou o ano à frente do Ceará, fez com que as correções providenciais fossem tomadas a tempo de deixar os alvinegros no páreo pelo topo da tabela.

No setor defensivo, João Marcos deu segurança e se tornou companheiro ideal para Richardson sair com mais tranquilidade e desempenhar melhor sua função. Valdo e Charles dão melhor cobertura defesiva no miolo de zaga, expondo menos Éverson, algo que não ocorreu em jogos com Sandro e Antonio Carlos. Wescley chegou para assumir a carência na meia. Antes bastante questionada, a dupla Bill e Rafael Costa ganhou importância para além gols – tornou-se taticamente relevante na pressão sobre a saída de bola adversária e na ampliação de contra-ataques.

Essa evolução no coletivo do Ceará veio pelo diálogo. Técnico e auxiliares analisam os desempenhos e tem demonstrado a hora correta de corrigir cada jogador dentro do plano tático. E os jogadores tem assimilado as orientações com fundamento. Mesmo ainda com deficiências e atuações questionáveis dentro do time titular – caso de Thallyson, por exemplo – a aplicação de maior disciplina nos treinamentos trouxe mais harmonia ao time. Se falha em um quesito, busca compensar em outros e assim segue pontuando.

O Vovô teve uma forma traumática para acordar nesta temporada, sendo eliminado no Campeonato Cearense e ficando de fora da Copa do Nordeste de 2016. Mas parece ter aprendido a lição de que não se basta contratar reforços para entregá-los a distribuidores de colete. É com implementação de padrão de jogo – “compactação” e intensidade”, no caso de Sérgio Soares – que se vai longe numa disputa acirrada de pontos corridos como é a Segunda Divisão.

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Fernando Graziani

Fernando Graziani é jornalista. Cobriu três Copas do Mundo, Copa das Confederações, duas Olimpíadas e mais centenas de campeonatos. No Blog, privilegia análise do futebol cearense e nordestino.

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