Em vigor desde 2012, o regulamento da Série C – com dois grupos de 10 equipes no sistema ida e volta na primeira fase – tem uma característica muito clara: o equilíbrio na classificação. Não raro as equipes conseguem vaga no mata-mata na rodada final ou, ainda que tenham estado no G-4 por muito tempo, deixam escapar a oportunidade de chegar até a segunda fase.

A atual edição no Grupo A, após 10 rodadas, mostra uma distância muito pequena entre as equipes. A única exceção, por enquanto, é o CSA, que mesmo empatando seus dois últimos jogos segue na liderança com 19 pontos, seis de vantagem sobre o quinto colocado.

Os outros clubes estão próximos demais. Não há qualquer tranquilidade. Tomando o Fortaleza como base, atual vice-líder com 15 pontos, a distância para o primeiro time na zona de rebaixamento, o ASA, é de apenas quatros pontos e para o lanterna Confiança são é de cinco pontos.

O perde e ganha é tão constante que o Tricolor somou apenas dois pontos nos últimos 12 disputados. Ainda assim, não saiu do G-4 e ainda ganhou uma posição na 10ª rodada. O efeito colateral do equilíbrio é que uma eventual derrota para o Botafogo-PB na sexta-feira que vem, em João Pessoa, pode fazer o time cair para a sexta colocação e ficar ainda mais perto da zona de rebaixamento. Já uma vitória mantém a equipe na segunda posição.

Thiago Minhoca, parceiro do Blog, e estatístico, tem explicações relevantes. “Esse ano existem muitos empates e os extremos da tabela ficam mais próximos. Um outro fator importante é que os times que começaram mal, casos de Moto Club e Salgueiro, venceram seus dois jogos mais recentes, ao mesmo tempo que as equipes da parte de cima da tabela perderam pontos demais. O resultado é esse achatamento”, avaliou.

Minhoca vai mais além. “Diferente de todas as edições anteriores, os clubes do Z-2 (os que seriam rebaixados) tem a maior pontuação registrada até a 10ª rodada. Nas últimas três rodadas, os cinco primeiros colocados (que não mudaram) só venceram duas vezes. Dos 15 jogos desses cinco, apenas três foram entre eles. Perderam cinco vezes para os clubes lá de baixo. O reflexo disso é que nessas três rodadas recentes Z-2 subiu seis pontos e o G-4 apenas três”.

Hoje, pelo aproveitamento do quarto colocado, entre 25 e 26 pontos bastam para uma equipe garantir vaga no G-4 e, como consequência, no mata-mata, mas é uma conta extremamente perigosa, já que é uma pontuação historicamente muito baixa. E com a gangorra atual, o melhor é não apostar nela.

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Fernando Graziani

Fernando Graziani é jornalista. Cobriu três Copas do Mundo, Copa das Confederações, duas Olimpíadas e mais centenas de campeonatos. No Blog, privilegia análise do futebol cearense e nordestino.

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