Comumente, os torcedores do Ceará querem ver o Fortaleza no pior cenário possível. Na mesma proporção, os torcedores tricolores desejam a mais triste situação futebolística para os alvinegros. A rivalidade é natural e, mais do que isso, essencial para o futebol. Funciona assim com Inter e Grêmio no Rio Grande do Sul; com Atlético e Cruzeiro em Minas Gerais, Galatasaray e Fenerbahçe na Turquia, Real Madrid e Barcelona na Espanha e em qualquer lugar do planeta.

Nesta temporada, restando ainda dois meses e meio de bola rolando, o futebol cearense vive a possibilidade de Fortaleza e Ceará garantirem lugar na Série A em 2019. As vezes mais recentes que ambos estiveram juntos na primeira divisão nacional foram em 2000, na Taça João Havelange, quando o Fortaleza venceu por 3 a 1 e em 1993, quando o Ceará venceu os dois confrontos por 1 a 0 e 3 a 1.

Em que pese a enorme rivalidade, a presença de ambos na primeira divisão do País não garante sucesso automático, mas tem potencial para representar uma mudança de patamar relevante para o futebol local, o que passa a ser um projeto conjunto, ainda que em duas frentes.

O momento é de crescimento de faturamento dos clubes brasileiros, especialmente em função das cotas de televisão em competições nacionais. No geral, também levando em conta patrocínios privados e borderô dos jogos como mandante, avançar para a Série A vai representar ao Fortaleza no mínimo de R$ 40 milhões a mais em receitas na comparação com 2018; para o Ceará, permanecer onde está vai representar não deixar de faturar, no mínimo, outros R$ 40 milhões, também tomando como base a perspectiva atual. São valores reais e não otimistas, que vão ajudar a cada um ter um orçamento em 2019 de pelo menos R$ 60 milhões cada.

Apesar de terem evoluído significativamente em diversos aspectos – estrutura física, médica, fisiológica, marketing e programas de sócios, que saltam aos olhos na comparação com a década passada -Ceará e Fortaleza ainda precisam trabalhar continuamente para alcançar patamares hoje ainda distantes, especialmente levando em consideração questões técnica de qualidade de futebol, econômicas, estruturais, relevância nacional e revelação de talentos. Para tanto, fincarem o pé na Série A é fundamental.

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Fernando Graziani

Fernando Graziani é jornalista. Cobriu três Copas do Mundo, Copa das Confederações, duas Olimpíadas e mais centenas de campeonatos. No Blog, privilegia análise do futebol cearense e nordestino.

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