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O Facebook afirmou na quarta-feira, 10, que está começando a reduzir o alcance de conteúdos relacionados à política. A medida vai diminuir a quantidade de conteúdo político que aparece no feed de notícias dos usuários dos EUA, Brasil, Canadá e Indonésia. Segundo o executivo-chefe da rede social, Mark Zuckerberg, a proposta faz parte do esforço do Facebook para “reduzir a temperatura e desencorajar conversas e comunidades divisivas”.

Segundo o Facebook, conteúdo políticos representam apenas 6% do que os usuários veem na plataforma. Ainda assim, a redução deste tipo de conteúdo começa imediatamente no Brasil, Canadá e Indonésia. Nos EUA, os testes iniciam nas próximas semanas. Anteriormente, Zuckerberg já havia aventado a proposta, e chegou a declarar que reduzir o conteúdo de política na rede social iria permitir que a plataforma “fizesse um trabalho melhor ajudando a unir pessoas”.

Conforme a empresa explicou, conteúdos de política não serão removidos, seu alcance será reduzido para usuários que não querem recebê-los. Seria um princípio semelhante ao que já hoje, em que os usuários podem escolher não ver anúncios de política. A rede social, no entanto, não explicou o que caracteriza um conteúdo político, o que deixa margem ampla para o tipo de material que pode ter alcance diminuído.

A nova política da empresa será introduzida gradualmente, mesmo nos países em que já começou o teste, como o Brasil. O anúncio foi feito no pouco mais de duas semanas após a empresa divulgar um balanço financeiro positivo, potencializado pelo uso das redes sociais e e-commerce na pandemia, com aumento de mais de 50% no lucro do último trimestre de 2020 em comparação com 2019.

Já há alguns anos, o Facebook tem funcionado como uma espécie de ágora das eleições por todo mundo. Com a explosão de notícias falsas na rede, a empresa tem adotado, paulatinamente, medidas para garantir a integridade nas eleições, ainda que insuficientes. Um dos pontos de inflexão foram as eleições presidenciais de 2020 nos EUA e a invasão do Capitólio por apoiadores do ex-presidente Donald Trump. Na ocasião, o Facebook chegou a bloquear as contas de Trump e reduzir o crescimento dos grupos conspiratórios.

Juntos, os aplicativos da empresa Facebook reúnem bilhões de usuários ativos mensais, de acordo com o serviço de estatística online Statista. Somente o Facebook possui 2,7 bilhões de usuários mensais, enquanto o Instagram concentra mais de 1 bilhão de usuários. Há ainda o Messenger e o Whatsapp, pertencentes ao mesmo grupo. Assim, as decisões de Zuckerberg sobre política devem repercutir por todo o mundo, tanto em personalidades da política quanto em movimentos sociais.

As informações são da Folha de São Paulo e do Wall Street Journal.

 

Leonardo Rodrigues/ O POVO