Com Crônicas Absurdas de Segunda, coletânea de textos publicados no Vida & Arte, escritor cearense Raymundo Netto concorre ao mais importante prêmio literário do Brasil
Raymundo Netto é finalista no Prêmio Jabuti 2016. Entre 2007 e 2010, o cronista conversou com os principais nomes das artes cearenses -vivos ou mortos – em situações do cotidiano. Os textos foram lidos primeiro nas páginas do Vida & Arte e, em abril de 2015, reunidos no livro Crônicas Absurdas de Segunda, que agora concorre ao prêmio na categoria Contos e Crônicas.
A lista de finalistas foi divulgada na noite da última sexta-feira, 21. Raymundo concorre com nomes como Luís Fernando Veríssimo, Rubem Fonseca e Luiz Eduardo Soares. O Prêmio Jabuti 2016 tem 27 categorias – que vão da poesia e do juvenil ao projeto gráfico e ao romance. Criado em 1958, é o principal prêmio da literatura brasileira.
Em Crônicas Absurdas de Segunda, Raymundo Netto encontra nomes como Airton Monte, José de Alencar e Rachel de Queiroz. Para a composição dos textos, ele explica em entrevista ao Leituras da Bel, foi necessário estudar os trejeitos e a voz de cada de cada personagem. “Eu criava uma situação ficcional onde encontrava a pessoa. Converso com José de Alencar no ônibus Antônio Bezerra/Messejana, por exemplo”, afirma o escritor.
Com lampejos de ficção e de realidade, todos os textos necessitaram de muita pesquisa. A apuração foi tão fiel que, em determinadas situações, parentes e amigos do entrevistado indagaram Raymundo Netto: “você conhecia o fulano de onde?”.
O trabalho de intertextualidade deu origem ao bloco de textos que agora é finalista na 58º edição do prêmio, promovido pela Câmara Brasileira do Livro (CBL). “É a primeira vez que participo e é uma surpresa já ser finalista. É um livro que fala de personagens nossos, do Ceará. Tem um caráter muito local”. Antes de escrever nas páginas do Vida & Arte, Raymundo havia publicado Um conto no passado: cadeiras na calçada (2005), romance com fortes características de memória.
A jornalista Regina Ribeiro, atual editora das Edições Demócrito Rocha, foi a responsável por convidar o escritor para produzir crônicas para o jornal. À época, o intuito era introduzir textos sobre Fortaleza. Raymundo se revezava no espaço com outros convidados. “Ele encontrou um caminho dentro da crônica. O gênero cronica é como uma fotografia. É o texto do instante. É aquele texto captado do cotidiano”, aponta Regina Ribeiro.