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Autora dos livros Outubro e Yume, a cearense Kamile Girão é uma das mais badaladas escritoras jovens de Fortaleza. Para o lançamento de seu terceiro livro, Fisheye, ela criou uma campanha de financiamento coletivo na plataforma Catarse. No enredo, a adolescente Ravena Sombra descobre que tem retinose pigmentar, doença que causa cegueira gradativamente. Até 11 de fevereiro, interessados podem colaborar com a impressão da história. Na entrevista, Kamile fala sobre influências literárias, processo de produção e o caminho criativo que desencadeou Fisheye.

Leituras da Bel – De Yume e Outubro, quais aspectos mudaram na forma como você escreve?
Kamile Girão – A primeira coisa é que, enquanto os dois primeiros foram livros narrados em terceira pessoa, Fisheye foi narrado em primeira. Eu precisava da visão intimista da Ravena para poder contar a história dela. Não funcionaria que a escrita fosse em terceira pessoa porque ela precisava falar sobre seus sentimentos para eles se tornarem mais verossímeis para o leitor.  Em segundo lugar, amadureci muito como leitora e escritora nesse tempo. Veja bem, cerca de cinco anos me separam da escrita de Outubro para a escrita de Fisheye. Aprendi com meus erros, com sugestões. Fui observando o que eu poderia melhorar e o que estava legal e que eu poderia aprofundar. Devo muito à Alba Milena, minha coach, que me orientou de uma maneira divina.

Leituras da Bel – Qual a temática de Fisheye?
Kamile Girão – O livro se chama Fisheye por causa da lente fotográfica de mesmo nome, que deixa as fotos com um efeito único. A intenção é fazer um comparativo com a forma de enxergar da Ravena – obviamente, é apenas uma metáfora para poder aproximar ainda mais a fotografia da vida da personagem.

Leituras da Bel – E qual o enredo do livro?
Kamile Girão – Fisheye fala sobre essa adolescente, a Ravena, que vai passar por um processo de crescimento após descobrir que possui retinose pigmentar, uma doença que degenera a retina gradativamente. Durante essa jornada, ela vai contar com a ajuda e o apoio de pessoas muito especiais: como a irmã, o melhor amigo de infância e um violinista.

https://www.youtube.com/watch?v=-6XzK2NUoe0&feature=youtu.be

Leituras da Bel – Como a literatura entrou na tua vida? Como você descobriu que queria ser escritora?
Kamile Girão – Não descobri exatamente que gostava de escrever, a coisa simplesmente surgiu. Sempre gostei de escutar histórias por causa da minha mãe, que lia contos de fadas e historinhas folclóricas para mim antes de dormir. Como eu era uma criança bastante imaginativa, comecei a querer contar também as minhas próprias histórias e passei a escrevê-las para me divertir. Escrever sempre foi a minha diversão e só pensei em me profissionalizar quando já estava no ensino médio.

Leituras da Bel – Quais os autores que te inspiram?
Kamile Girão – Ultimamente, tenho me inspirado muito no Hans Christian Andersen pela beleza da narrativa dele. Ler os contos do Hans é uma delícia porque ele consegue te transportar para aquele universo e você se afeiçoa aos personagens. Mas além dele, adoro os clássicos Bram Stoker, Álvares de Azevedo, Jane Austen, e a contemporânea Anne Rice. Também tive o prazer de conhecer a escrita de novas autoras de fantasia, como a Cecília Reis, a Helene Wecker e a Caitlín R. Kiernan. Quando leio autores que gosto, tento aprender um pouco com a forma de narrar deles.

Recompensas da campanha

Recompensas da campanha

Leituras da Bel – A edição de Fisheye foi cuidada pela Wish, que é uma recente e pequena editora de São Paulo. Como foi essa escolha?
Kamile Girão – Resolvi apostar na Wish principalmente por confiar no projeto da Marina Avila. Ela é uma profissional extremamente atenta e cuidadosa com cada pormenor dos seus livros, e você consegue perceber que ela faz isso não apenas pelo profissionalismo, mas por amor mesmo. É essa entrega em trazer algo belo que me fez abraçar a Wish como casa editorial, por acreditar no que a editora quer trazer.

Leituras da Bel – E sobre o financiamento coletivo?
Kamile Girão – Sou uma entusiasta do Catarse. Adoro apoiar projetos porque sei como é complicado trazer aquela ideia pra vida e, mais ainda, como é difícil ser um artista independente tentando seu lugar ao sol. Fora que acho incrível a forma como a plataforma trabalha e por isso acredito muito nela. Para Fisheye, eu e Marina trocamos várias ideias do que seria legal trazer para o projeto. A Wish fez recentemente um financiamento que foi um sucesso, então a Marina já tinha essa bagagem muito bacana e que só acrescentou. As recompensas envolvem ilustrações do talentosíssima Juliana Rabelo, o que tornou o projeto ainda mais lindo.

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Leituras da Bel – Como a internet e, em especial, as redes sociais têm facilitado o contato com o público?
Kamile Girão – Para uma autora independente, a internet é tão necessária quanto água. É através dela que consigo entrar em contato com meus leitores e posso conhecer novas pessoas, do Norte ao Sul do país (e até mesmo no exterior, porque já tive leitora de Portugual!). Tento fortalecer esses laços através do blog e do facebook principalmente, já que são as ferramentas que mais uso.

capafinalServiço
Para colaborar com o financiamento coletivo de Fisheye
Doações de R$ 20 a R$ 300
Recompensas variadas
https://www.catarse.me/livrofisheye

About the Author

Isabel Costa

Inquieta, porém calma. Isabel Costa, a Bel, é essa pessoa que consegue deixar o ar ao redor pleno de uma segurança incomum, mesmo com tudo desmoronando, mesmo que dentro dela o quebra-cabeças e as planilhas nunca estejam se encaixando no que deveria estar. É repórter de cultura, formada em Letras pela UFC e possui especialização em Literatura e Semiótica pela Uece. Formadora de Língua Portuguesa da Secretaria da Educação, Cultura, Desporto e Juventude de Cascavel, Ceará.

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