Imagem: Fernanda Meireles

Por João Gabriel Tréz (joaogabriel@opovo.com.br)

“Livro-objeto” da jornalista Naiana Gomes traz reflexões sobre arte e cidade a partir do trabalho da artista cearense Fernanda Meireles. Lançamento será neste sábado, 1º de abril, no Dragão do Mar

O livro Transforme isto em outra coisa nasceu por conta de uma vontade que a hoje jornalista Naiana Gomes tinha de falar de um trio, para ela, inseparável: arte, Fortaleza e a artista Fernanda Meireles. Ela e Fernanda se conheceram bem antes, nos idos de 2006, em uma oficina na Bienal do Livro daquele ano, quando Naiana ainda não havia ingressado na faculdade de Jornalismo. Mais de uma década depois, com amizade forte e estabelecida entre elas, o tal trio, que Naiana passou a acompanhar de perto, virou o tema do livro-reportagem que ela fez como trabalho de conclusão do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Ceará. A autora lança a obra neste sábado, 1º, no Dragão do Mar, com uma programação que vai “além do livro e fala da Cidade”, como explicou em entrevista ao Leituras da Bel.

Imagem: Fernanda Meireles

Olhos de Fernanda
Um mapa pode ser descrito, em termos básicos, como uma representação visual de um local, seja ele o mundo, um país ou uma cidade. Acima, ilustrando essa matéria, está o mapa da Fortaleza inventada pelos traços, olhos e coração de Fernanda Meireles. Ele estará disponível fisicamente como uma das atrações do lançamento do livro para que os presentes brinquem desenhando os percursos de suas próprias Fortalezas. Essa atividade consegue resumir, em algum nível, a intenção de Naiana.

“A ideia é mostrar percursos possíveis, que incluem estar e viver Fortaleza, que na verdade são muitas, cada pessoa pode ter várias. O quê a gente quer inventar? Qual Cidade queremos? O quê e como construir?”, provoca Naiana. Após conhecer Fernanda sem ter “muita noção de quem ela era”, a jornalista conta que passou a encontrar a artista em diversos eventos e momentos de Fortaleza, de trabalhos em ONGs a ocupações (como a do Cocó, ocorrida em 2013), para onde Fernanda costumava levar seus trabalhos e inspirações. Assim, Naiana descobria a relação que a artista tinha com Fortaleza. “Falar da Fernanda é falar de Fortaleza. Ela usa a Cidade, na arte, como tela, ateliê e tema. O livro tenta trazer um pouco dela e desse olhar”, explica.

Para Fernanda, a obra pode ser entendida como o olhar dela visto pelos olhos da autora. “Toda obra de arte é um convite para um exercício de alteridade, uma chance de ver o mundo pelos olhos de outra pessoa. Podemos dizer que o livro é feito de olhares sobrepostos sobre a Cidade, o que o torna mais rico e curioso, tanto para mim e a Naiana como para o leitor”, reflete.

Imagem: Fernanda Meireles

Transformações
O título do livro, Transforme isto em outra coisa, foi emprestado de uma frase de Fernanda, que costuma aparecer não somente escrita em seus trabalhos, mas que guia sua vida e obra. “Boa parte de meus trabalhos tem como base o papel, a escrita, a leitura, e há o fato de serem incompletos, manipuláveis, algo que se transforma por quem o toca”, introduz a artista. “As garrafas de café ilustradas esperam o café, os postais ganham sentido e função quando escritos atrás e enviados a alguém”, demonstra.

A ideia de transformação, presente no trabalho de Fernanda, também foi trazida para a obra de Naiana. Além de ser um livro-reportagem, ele é também um “livro-objeto”, oferecendo experiências além da simples leitura do texto escrito. “Ele traz elementos que se destacam, como fanzines, postais a serem remetidos, uma folha de adesivos… Ou seja, propõe ao leitor outras interações e pode se espalhar pela Cidade”, explica Fernanda.

Imagem: Fernanda Meireles

Serviço
Lançamento do livro Transforme isto em outra coisa
Quando: sábado, 1º de abril, às 17 horas
Onde: Auditório do Dragão do Mar (rua Dragão do Mar, 81)
Entrada franca.

About the Author

Isabel Costa

Inquieta, porém calma. Isabel Costa, a Bel, é essa pessoa que consegue deixar o ar ao redor pleno de uma segurança incomum, mesmo com tudo desmoronando, mesmo que dentro dela o quebra-cabeças e as planilhas nunca estejam se encaixando no que deveria estar. É repórter de cultura, formada em Letras pela UFC e possui especialização em Literatura e Semiótica pela Uece. Formadora de Língua Portuguesa da Secretaria da Educação, Cultura, Desporto e Juventude de Cascavel, Ceará.

View All Articles