Ana Beatriz, autora (Foto: divulgação)

Por Mariana Amorim*
A Garota das Sapatilhas Brancas, nova obra da escritora Ana Beatriz Brandão, chega a Fortaleza em um evento voltado para os fãs 

Ana Beatriz Brandão é um nome que vem se firmando no cenário da literatura infanto-juvenil brasileira. Com apenas 18 anos, a jovem – que acaba de lançar seu quarto livro e está entre os mais vendidos do Brasil na categoria – já participou de bienais, festas literárias e arrasta milhares de seguidores por onde passa. Sua nova obra, A Garota das Sapatinhas Brancas, será lançado neste domingo, 29, em um bate-papo com os fãs. O evento, que começa às 16 horas, na Livraria Saraiva, terá a participação da blogueira Jordana Carneiro.

As histórias de Ana Beatriz são conhecidas por discuti temas relevantes, como bulying e relacionamentos abusivos, de uma maneira de fácil entendimento. A inspiração para escrever, segundo a autora, vem daquilo que ela observa. “Grande parte das minhas histórias vem de reflexo de histórias que ouvi na vida real”, explica em entrevista ao Leituras da Bel.

O fato é que mesmo com pouca idade, ainda aos 13 anos, quando lançou seu primeiro livro A Sombra de um Anjo, Ana Beatriz já trazia para o universo juvenil assuntos como abandono e violência doméstica. A jovem acredita que a proximidade de idade com o público que a ler, facilita o entendimento. “É importante usar as histórias para conscientizar as pessoas, ajudando-os a se colocar no lugar nas vítimas para que compreendam melhor a situação sem todo aquele olhar técnico da mídia”, comenta.

Em A Garota das Sapatinhas Brancas, spin-off de O Garoto do Cachecol Vermelho, publicado pela Versus, selo da Galera Record, Ana Beatriz volta a abordar a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), uma doença degenerativa sem cura. Na nova narrativa, ouvimos e conhecemos melhor Daniel, o garoto do cachecol vermelho, que se apaixona por Melissa, uma bailarina de personalidade forte e cheia de preconceitos com o próximo e com ela mesma.

Ana Beatriz, autora (Foto: divulgação)

Daniel é portado da ELA, mesma doença de seu pai, e busca viver a vida da melhor maeira possível. Se superando a cada novo desafio. Ana conta que resolveu dar voz a doença por conta da trama. Ela queria que um de seus personagens tivesse problemas de locomoção.
“Comecei a procurar uma doença que se encaixasse no personagem e queria que fosse algo pouco conhecido”, explica.

A história, assim como a anterior, é encantadora e arranca lágrimas dos leitores mais emotivos que curtem um típico romance “água com açúcar”. A edição tem uma capa bem trabalhada e a diagramação facilita a leitura. Diferente da primeira obra, na qual apresenta o famoso garoto de cachecol vermelho pelos olhos de Melissa, agora é a vez de Daniel contar seu lado da história. A Garota das Sapatilhas brancas é um livro que fala muito sobre destino. Sobre como nossas escolhas do passado influenciam no nosso presente e futuro”, reforça Ana Beatriz.

A autora ainda traz outros pontos de vista, de personagens importantes da primeira obra. A doença é retrada com muito cuidado e veracidade. “Neste livro eu mostro melhor a vida de alguns dos personagens principais do primeiro livro, explicando melhor seus pontos de vista e narrando lembranças de sua história que os levaram até ali”, completa. Ana declarou que para escrever sobre a ELA foi mais de um ano em pesquisa e observação.
Em resumo, Ana Beatriz Brandão já tem muito o que mostrar com apenas 18 anos. A jovem promete ser um nome que se fortalece no mercado. A narrativa leve e com alguns clichês conquista os jovens leitores e torna a leitura absurdamente fácil. É uma boa maneira de tratar temas delicados com os jovens, de uma forma simples e entendível.

Bate-papo com Ana Beatriz Brandão

Leituras da Bel – Você é considerada uma das revelações da literatura infanto-juvenil no país. Como você encara tudo isso? E ao quer você atribui esse sucesso?
Ana Beatriz – Na verdade, eu não tenho nem dimensão do tamanho que tudo tomou! Até hoje nem acredito que consegui publicar os meus livros e conquistar tantos leitores em tão pouco tempo e com a minha idade. Devo tudo aos meus pais, que me apoiaram desde o meu primeiro lançamento, e aos meus próprios anjinhos – leitores – sem os quais eu não seria ninguém. Foram eles que me descobriram, leram meus livros e passaram a divulgar minhas histórias, então devo tudo a eles!

Leituras da Bel –  No seu livro “O garoto do cachecol vermelho”, a protagonista Melissa vive um relacionamento abusivo com o namorado. Em sua opinião, qual a importância de tratar desses temas em obras voltadas para o público juvenil?
Ana Beatriz – É importante usar as histórias pra conscientizar as pessoas, ajudando-os a se colocar no lugar nas vítimas para que compreendam melhor a situação sem todo aquele olhar técnico da mídia. Isso os faz visualizar melhor a situação e entender o quão terrível são as consequências e vivências que vítimas como a Mel sofrem.

Leituras da Bel –  Hoje vivemos um momento em que as mulheres têm ganhado mais voz. Como é isso no mercado literário? Ainda existem preconceitos?
Ana Beatriz – Sim! Existe preconceito em todo lugar, e na literatura não é diferente. Já recebi diversas mensagens de homens bem mais velhos que eu me assediando e coisas do gênero, mas isso vem mudando com o tempo. Agora já não é mais tão comum esse preconceito, mas ele ainda existe, e não podemos ficar quietas com relação a ele!

Leituras da Bel – E qual seu próximo passo? Tem algo vindo?
Ana Beatriz –  Tem alguns lançamentos planejados pro ano que vem, que não têm o mesmo gênero que o Garoto do Cachecol Vermelho, então serão um tipo de experiência! Espero que os meus leitores gostem desse novo tipo de literatura partindo de mim!

Serviço
Lançamento de A Garota das Sapatilhas Brancas
Onde: Livraria Saraiva (Shopping Iguatemi)
Quando: domingo, 29, às 16 horas
Entrada gratuita

About the Author

Isabel Costa

Inquieta, porém calma. Isabel Costa, a Bel, é essa pessoa que consegue deixar o ar ao redor pleno de uma segurança incomum, mesmo com tudo desmoronando, mesmo que dentro dela o quebra-cabeças e as planilhas nunca estejam se encaixando no que deveria estar. É repórter de cultura, formada em Letras pela UFC e possui especialização em Literatura e Semiótica pela Uece. Formadora de Língua Portuguesa da Secretaria da Educação, Cultura, Desporto e Juventude de Cascavel, Ceará.

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