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Existem mercadorias que se adequam a cada tipo de negócio. Conhecer qual delas coincide com seu negócio é primordial para se evitar prejuízos

O estoque é o grande termômetro de um negócio. A partir dele, se identifica necessidade de compra e venda, além de ser responsável por mobilizar boa parte do capital. Porém, se engana quem acredita que ele é igual para todo o tipo de empresa.

De acordo com o administrador e especialista em logística, Ernesto Antunes*, existem estoques referentes a cada tipo de negócio. Entender qual deles se aplica à sua empresa é primordial para evitar falta ou excesso de mercadorias, ajudando na manutenção e prevenindo futuros prejuízos.

O administrador e especialista em logística, Rudienir Fialho Appio**, explica sobre cada tipo de estoque e sua importância.

Estoque de antecipação
É um tipo de estoque que as empresas utilizam diante da previsão de demanda maior, pois ele tem a função de controlar um período sazonal. “O produto tem que estar disponível para uma época que o consumo será elevado”, afirma o especialista. Esse tipo de estoque é utilizado durante períodos específicos como natal, greves, ou para quem trabalha com produto importado, e se configura quando a empresa se previne e adquire produto para compor estoque para que essa mercadoria não falte.

O estoque de antecipação funciona para que aquela falta seja suprida e para gerar a segurança no consumo. Rudienir cita como exemplo a Black Friday. “É um processo onde há perspectiva de alto consumo em um curto espaço de tempo, então o empreendedor aumenta o estoque para a venda específica nesse período.”

Estoque de ciclo
O administrador explica que esse tipo de estoque é para produtos de alta rotatividade. “São mercadorias de giro constante, logo, a maioria não sofre com sazonalidade. Ele possui um período de consumo linear, então normalmente as empresas mantém um estoque mínimo e um máximo deste produto para atendimento em um determinado período”. Para manter um estoque de ciclo linear, é importante ter bons fornecedores e prazos de entrega bem definidos para não correr o risco de ter rupturas ou sobrar mercadorias.

O grande conceito do estoque de ciclo pode ser observado com a questão da curva A dos produtos [que são divididos entre A, B e C]. As mercadorias que estão na curva A são aquelas que não podem faltar em hipótese alguma, ou seja, esse estoque sempre precisa estar à disposição do consumidor. “A falta de leite é um exemplo. Eu posso até não pôr o preço ideal, mas aquele produto não pode faltar, pois é uma mercadoria de alto giro que precisa estar sempre disponível”, informa.

Estoque de Proteção
Existem duas formas de análise desse estoque. Alguns conhecem como estoque mínimo ou de segurança, outros chamam de estoque isolador. “Ele é uma forma de as empresas, indústrias e varejo garantirem suas reservas por um determinado tempo. Seja ele estabelecido dentro de 30, 60 ou 90 dias, dependendo da variável da cada empresa”, pontua Rudienir. Esse estoque serve para garantir volatilidade de mercado.

O administrador cita como exemplo uma empresa que compra produtos que estão atrelados ao câmbio e possuem grande volatilidade. “O gestor tenta comprar quando esse câmbio está baixo. Ele adquire o produto em quantidade para manter seu estoque em segurança, numa condição que ele garanta um preço para atender sua demanda e evitar variações súbitas de mercado”. Ele também observa que o aumento gradativo de preço pode afetar diretamente a venda, e consequentemente o seu mercado não aceitará o produto. “Então, quantidades maiores são compradas para garantir que aquele produto tenha um custo equilibrado”, diz.

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Estoque de Canal
Ele é conhecido popularmente como estoque em trânsito, pois nesse tipo, é levado em consideração o canal de transporte que ele é utilizado, podendo ser marítimo, rodoviário, ferroviário e outros. Cada canal possui um tempo de trânsito. É importante se atentar, na hora de gerir esse tipo de estoque, ao monitoramento da saída da mercadoria desde o fornecedor até a chegada na empresa.

“Para isso, há tecnologias, rastreamento e integração de sistemas que pode trazer essas informações sobre onde está, qual o tempo de entrega e quanto falta para chegar. Junto com o estoque de proteção, ele forma a reserva total de fornecimento”, informa Rudienir.

Estoque Inativo
É o estoque que está parado ou sem giro. A alta cobertura é um dos indicadores que medem o estoque inativo. As empresas devem medir suas mercadorias, pois isto faz com que estas diminuam a carga de estoque inativo e sejam mais assertivas na hora de comprar e estabelecer seus produtos, evitando que esses fiquem parados dentro do estoque. “Existe uma máxima dentro das empresas que diz que estoque parado é dinheiro parado. Muitos negócios fecham as portas por manter mercadorias de baixo giro e alta cobertura em seus estoques”, relata o especialista.

Esses produtos acabam por se tornar sem liquidez. Rudienir fala que isso ocorre quando a mercadoria não é vendida rapidamente para ser transformada em capital para pagamento de folhas, custos fixos ou variáveis. “Quando isso acontece, a empresa deve estar atenta ao estoque inativo e tentar substituir esse produto com o fornecedor ou fazer saldos. Uma opção é vender essa mercadoria a preço de custo para tentar diminuir o prejuízo”, adverte.

Estoque Máximo
É determinado como a maior capacidade de armazenagem. “A empresa estoca seus produtos e sua área é calculada por metro quadrado ou cúbico, dependendo do seu tipo. Essa zona possui um limite de armazenagem onde é possível ter o máximo de mercadoria dentro do estoque”, informa o administrador.

Outro fator para esse cálculo é a questão financeira. A empresa pode tentar estabelecer bons descontos com o fornecedor pela compra de grandes lotes. “Ele cria oportunidades de marketing ou aquisição e com isso são aplicados descontos, que devem ser bem calculados e comparados com o custo de oportunidade de mercado”. O especialista acrescenta que em caso de a compra desse estoque ser melhor que o custo de oportunidade de mercado, vale a pena a empresa adquirir essa mercadoria, se isso não representar risco de perda por validade ou inatividade.

A volumetria de mercadoria que entra e sai, quando chega a 80%, começa a apresentar problemas como dificuldade para movimentar os produtos ou para encontrá-los. Se chegar a 100%, corre o risco de a empresa entrar em colapso operacional. “Esse padrões devem ser pré-estabelecidos. Um dos indicadores que as empresas colocam para calcular o estoque máximo é a capacidade de armazenagem. Todas as medições de espaço devem ser feitas de antemão”, avisa o administrador.

Dropshipping
Modelo de negócio aplicado no e-commerce. Empresas que trabalham nesse meio específico não mantêm estoques próprios. “Elas têm centros de distribuição para produtos de alto giro ou produtos de curva A. Porém, grande parte destes fica com os próprios fornecedores e as vendas são canalizadas pelo comércio eletrônico”, aponta o especialista. Ele afirma que os pedidos são encaminhados diretamente ao fornecedor que faz a distribuição em parceria com a empresa e-commerce.

Rudienir finaliza citando a importância de ter boas parcerias, bons transportadores e tecnologia: “Atualmente, é quase impossível gerenciar o estoque sem ferramentas que possam dar esse apoio. Ter as informações apuradas por esses dispositivos ajudam para a tomada de decisão correta”, pontua.

*Ernesto Antunes é consultor do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado do Ceará (Sebrae/CE)

**Rudienir Fialho Appio é consultor do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado do Ceará (Sebrae/CE)

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