Pessoas em uma fila e uma mão segurando app com Pix aberto

Pix não vai eliminar uso de maquininhas, acreditam especialistas (Foto: Divulgação)

O Pix é um novo meio de pagamento eletrônico, criado pelo Banco Central, e que está em funcionamento no País há apenas uma semana. Mas,  quais os benefícios desse novo mecanismo para os pequenos negócios? A principal vantagem, de acordo com a analista do Sebrae Cristina Araújo, é permitir a tomada de decisões mais assertivas, seja para negociar com um fornecedor, pagar uma dívida ou investir no negócio.

Isso porque o serviço possibilita o recebimento de recursos de forma instantânea, por 24h, ao longo de todos os dias, inclusive finais de semana e feriados. 

Cristina foi moderadora do painel virtual “Pix – receba os pagamentos em segundos e melhore seu fluxo de caixa”, durante a 7ª Semana Nacional da Educação Financeira. O evento online gratuito prossegue até sexta-feira, 27. Para inscrever-se, acesse o link

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Além de Cristina,  o Sebrae convidou a assessora do Departamento de Competição e Estrutura do Mercado Financeiro do Banco Central, Mayara Yano; o presidente da fintech Stone, Augusto Lins, e gestor da padaria Império de Teresópolis (RJ), Enrico Marelli, para tirar dúvidas sobre o assunto. Confira as principais perguntas e respostas:

  • O Pix oferece um custo operacional menor que os outros meios de pagamentos eletrônicos, mas como esse baixo custo pode chegar no pequeno negócio?

Mayara Yano: O primeiro ponto é o custo de transação menor do que outros instrumentos como boleto ou cartão, que, dependendo do caso e da instituição financeira, pode ser gratuito. O Pix é um modelo com menos intermediários, e a plataforma é provida pelo Banco Central, considerado um agente neutro, que não visa lucro. Outro ponto é o alto grau de competição entre as instituições financeiras credenciadas para operar o Pix, isso acaba gerando ofertas interessantes para os empresários. Vale ressaltar que para as empresas, o Banco Central não vai regular a tarifação neste momento, mas temos observado que muitos agentes financeiros têm oferecido isenções totais ou por algum período. Por outro lado, observamos algumas instituições que adotaram um modelo de precificação semelhante ao do boleto. A recomendação é que os empresários pesquisem as melhores condições antes de escolher a instituição financeira que vai utilizar o Pix, analisando os custos das tarifas e os serviços agregados oferecidos.

  • No caso dos empresários que atuam no comércio online, quais as facilidades que o Pix oferece?

Mayara Yano: É importante destacar que o API PIX foi criado com a possibilidade de ser integrado às plataformas de comércio online, como lojas virtuais e marketplaces, para facilitar a gestão e conciliação dos pagamentos. Pensando em um exemplo concreto da Black Friday. Basicamente, o comércio online opera com boleto ou cartão de crédito. No caso do boleto, muitas vezes o cliente gera o documento, mas não paga depois, o que gera um bloqueio da venda do produto por um tempo para outros clientes. O Pix chega com uma integração muito fácil que possibilita a confirmação imediata do pagamento, gerando rapidez para despachar a mercadoria, conferindo possibilidade de aumento de vendas e maior satisfação do cliente, que recebe o produto mais rápido também.

  • Com o Pix as maquininhas de cartões vão ficar extintas?

Augusto Lins: Na nossa visão, o Pix junto com o auxílio emergencial está estimulando o uso maior de meios de pagamentos eletrônicos. Eu acredito que o Pix vai crescer ao longo do tempo e, em um primeiro momento, vai facilitar o pagamento de contas em algumas situações, como para alguém que mora longe de uma agência bancária, por exemplo. No comércio, ainda temos o uso de cartão de crédito muito intenso para uma população que depende do crédito. Então, a minha resposta é não. Ainda vamos ver muita maquininha funcionando, e a interação com o estabelecimento por meio da interface da maquininha se apresenta necessária pelas funcionalidades que tem.

Mayara Yano: É preciso deixar claro que o Pix é mais uma opção para pagamento e transferência. Vemos, até hoje, outros instrumentos que coexistem. Claro que vai haver uma migração gradual, mas vão conviver com as suas diferenças e especificidades. Importante ressaltar que essa indústria conseguiu se integrar no ambiente do Pix, como é o caso da Stone. Então, você vê novos serviços surgindo com o uso do Pix com as inovações, o que acaba forçando as instituições financeiras a se reinventarem também. Lembrando que há uma parcela bastante expressiva da população que utiliza o crédito, mas também há uma questão cultural de utilizar cartão de crédito e até receber incentivos para isso. Destaco que faz parte da agenda de evolução do Pix, de oferecer a possibilidade de uma compra com data futura mesmo que não tenha um saldo disponível na data, no chamado Pix Garantido.