Reprodução do artigo publicado na editoria de Opinião, edição de 26/5/2016 do O POVO.

A Suprema Corte e as citações
Plínio Bortolotti

Em três recentes gravações, o Supremo Tribunal Federal é citado de maneira que, no mínimo, exigiria alguma explicação dos ministros do STF. Quando políticos são implicados, imediatamente exigem-se respostas. Mas juízes, por sua função, também são passíveis do escrutínio público.

As gravações nas quais o STF é mencionado.

Delcídio do Amaral (senador cassado). Em um dos trechos, diz que precisa “centrar fogo no STF”, referindo-se a ministros do Supremo com quem teria conversado para tentar preservar o ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró.

Romero Jucá (ex-ministro do Planejamento do governo Temer). Disse que vinha conversando com “ministros do Supremo” sobre o afastamento da presidente Dilma Rousseff (para abafar a Lava Jato), afirmando que havia “poucos caras ali (no STF)”, aos quais ele não teria acesso.

Renan Calheiros (presidente do Senado). Em conversa gravada por Sérgio Machado, em março, Renan mostra ânimo para mudar a lei da delação premiada. Na sequência, afirma que poderia “negociar” com integrantes do STF a “transição” da presidente Dilma Roussef, sem explicar exatamente do que se trata.

Outro trecho esclarecedor é quando Renan reproduz uma conversa que Dilma tivera com o presidente do STF, Ricardo Lewandovski. Dilma, segundo Renan, queria falar das dificuldades do país e da necessidade de ter o Supremo como garantidor da Constituição. No entanto, segundo Dilma teria dito ao senador, Levandovscki só queria falar do aumento (de salário do Judiciário).

Talvez o STF pudesse intimar esses políticos para explicar se de fato mantêm relações impróprias com ministros da Suprema Corte. Seria uma forma de espancar qualquer dúvida sobre uma das instituições mais importantes da República.

PS. Em depoimento, Delcídio também afirmou que a presidente Dilma nomeara um ministro do STJ com o fito de, supostamente, facilitar a soltura de presos da Lava Jato.

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