Foram 19 deputados de oposição que votaram a favor da reforma da Previdência, mesmo seus partidos tendo “fechado questão” contra a proposta de emenda constitucional (PEC), apresentada pelo governo, depois modificada na Câmara Federal. No PDT, oito dos 27 parlamentares votaram pela reforma, no entanto, o céu desabou com mais violência sobre a cabeça de Tabata Amaral (PDT-SP), devidamente condenada no tribunal stalinista das redes sociais.
Tabata tem origem humilde, e estudou na Universidade de Harvard (EUA), com bolsa bancada pela Fundação Educar, criada pelo bilionário brasileiro Jorge Paulo Lemann, com o objetivo de formar novos líderes brasileiros. Esse parece ser outro dos crimes da deputada, na vista de seus censores.
O presidente do partido, Carlos Lupi disse que será aberto processo contra os dissidentes, tendo como protagonista Tabata Amaral. O fechamento de questão obriga os filiados do partido a votarem de acordo com a orientação definida. Em caso de desobediência, o insubordinado fica exposto a punição que vai de advertência à expulsão da sigla.
A deputada explicou em vídeo a sua decisão dizendo que o seu era um “voto de consciência; não é um voto vendido; não é um voto por dinheiro de emendas; é um voto que segue minhas convicções e tudo o que estudei até aqui”. Não há por que duvidar dela.
No entanto, Ciro Gomes, vice-presidente do PDT, fez um post no Twitter no qual parece sugerir que todos os que ficaram a favor da reforma da Previdência, não o fizeram exatamente pelas suas convicções. Escreveu Ciro: “A tentativa de compra de votos por dinheiro de emendas ou ofertas mentirosas a estados e municípios ronda, neste momento, até os partidos de oposição. Defenderei que o PDT expulse aqueles que votarem contra o povo nesta reforma de previdência elitista.”
Se o PDT expulsar a deputada estará demonstrando claramente a estupidez e a intolerância da esquerda que, ao primeiro sinal de contradição resolve pelo expurgo do herege. Ao mesmo tempo, a deputada, apesar da juventude, não pode ser considerada inexperiente politicamente, pois formada em Ciência Política por uma das melhores universidades do mundo.
Quando se exige que os partidos tenham coerência, está incluso um mínimo de conformidade com o seu programa, ou será apenas um amontoado de interesses individuais, como se vê em muitas siglas por aí. E todo mundo critica. Assim, um partido definir uma orientação ou “fechar questão” em determinados assuntos, não está no campo do autoritarismo, porém, da democracia.
Tabata, portanto, devia saber a que tipo de partido estava se filiando, e não pode, agora, alegar surpresa. Todo grupo associativo tem suas regras, que devem ser observadas por aqueles que a ele, voluntariamente, se filiam. Isso pode não supor fidelidade absoluta; mas também não significa liberdade total para contrariar seus preceitos.
Como o relacionamento de Tabata com o PDT é recente, talvez uma boa conversa ajude a superar o problema, continuando o PDT com o privilégio de contar com uma deputada cuja principal objetivo é melhorar a educação no país, uma das política mais caras ao velho Leonel Brizola, fundador e símbolo do PDT.
Nada me surpreende nessa maneira de lidar com opiniões contrárias em se tratando do PDT e de Ciro Gomes.A maioria dos partidos e de seus líderes agem assim.O grande diferencial entre a direita,e a esquerda,é que a direita você já sabe como é,enquanto que a esquerda você supõe como vai ser.Não defendo nenhum tipo de autoritarismo,venha de qual viés vier.Talvez não me enquadre em nenhum dos lados,porém o lobo em forma de lobo sabe-se suas forças e fraquezas,O lobo em pele de cordeiro sempre pode nos surpreender.A jovem parlamentar apenas adicionará um capital político inimaginável caso seja expulsa do PDT por Ciro Gomes e Carlos Luppi;que acho improvável eles consumarem sua saída.Como a promissora deputada;a acompanharam 19 dezenove parlamentares contrários as posições de seus partidos.A reforma e modificação urge tão necessário para a sociedade,que mesmo não sendo a mudança do sonho,é o início de uma estrada que precisa ser restaurada,ante a uma omissão de um quarto de século de complacência governamental.As reformas previdenciária,fiscal e de alguns paradigmas deixou de ser uma bandeira de um governo e passou a ser de uma nação Apenas não enxerga quem não quer ver.O tempo,Esse inexpugnável e inexorável amigo irmao da História dirá.Que venham outras Tabatas.
Perfeito o artigo. Sem entrar no intestino das regras partidárias,qualquer uma que obrigue um parlamentar votar contra sua consciência,pelo menos em tese,ratificada pelo eleitor, além de inconstitucional, é uma heresia democrática. Agora, Ciro como exemplo de fidelidade partidária( não é só questão de mudar de partido,lembra do PROS?),não sendo uma piada de mau gosto,é um escárnio ao cidadão médio. É caso de internação.
O fato de defender a educação não importa em ser de esquerda, nobre articulista que admiro. Às origens da Tabata são para serem ressaltadas, mas um breve olhar na direção dos seus apoiadores econômicos fala muito. Ninguém consegue servir a dois senhores – ao capital e ao trabalho. Tabata demonstrou que defender as teses de raiz do trabalhismo não é com ela, o bilionário Lemann que o diga. Nesse ponto é que se separa o joio do trigo.
Concordo com tudo o que você escreveu, exceto com a parte sobre Leonel Brizola. Não acho que nada que ele e o PDT tenham feito ao longo de toda sua existência tenha resultado em algum bem ao país. Tanto o partido como seu maior líder têm atrás de si um rastro interminável de destruição e de múltiplos desserviços à nação. E penso que a legenda bateu no fundo do poço ao se entregar ao neocoronelismo da oligarquia Ferreira Gomes.
Esse deputada traiu a ela mesma e ao povo que a elegeu , ficou claramente do lado da elite desde país, por tanto se o voto dela é com convicção , ela está do lado errado pois não foi eleita para demonstrar essa convicção agora na hora que o povo mais pobre precisou do voto dela. Canalhice que merece ser punida.
Algo que deveríamos nos debruçar é com respeito à arguição de vários parlamentares de que têm o direito de votar conforme suas convicções e contra o partido. Em parte é em algumas matérias esse argumento é válido, mas em casos que vou chamar aqui de causas “pétreas”, com as quais a agremiação partidária se identifica com o eleitorado e vice-versa, não é concebível. Por isso que os partidos no Brasil são fracos e essa visão tacanha é tão prejudicial ao sistema político. Tabata ao escolher o PDT sabia que as teses trabalhistas são a base ideológica do partido, assim, votar contra os trabalhadores e a orientação do partido não foi correto, seja com o partido, mas principalmente com seus eleitores. Ciro está correto. Se Tabata tem a grandeza e convicção que diz ter deveria pedir para sair e aceitar o aceno de João Doria. O PSDB é a casa ideal para ela e suas convicções.
Qualquer programa de qualidade na educação passa por valorizar seus professores, a deputada optou por votar em um projeto que prejudica os professores acreditando que conseguiria modificar tal situação nos destaques. Não deve ter sido boa aluna do curso de ciências políticas, afinal não percebeu que o professor foi escolhido como inimigo pelo partido do presidente, os “doutrinadores”… Ela foi engolida, arrogante não ouviu os colegas de partido, prejudicou quem devia proteger. Perdeu legitimidade para falar de educação, nunca mais tem meu voto.
Tenho admiração pela jovem deputada Tabata Amaral porém não concordo com seu posicionamento perante o partido.Se ela não for punida com pelo menos uma advertência o que a impedirá de se posicionar novamente contra o seu partido em outra ocasião?!
Um parlamentar a partir do momento em que se elege, assume o mandado ele não está comprometido somente com a pauta de sua campanha. Pode ter sido eleita com o discurso de defender a Educação. Maravilhoso. Uma coisa é propor melhorias para um setor, outra coisa é decidir e o parlamentar é responsável por qualquer decisão em todos os setores que atinge a população do país como um todo.
E o foco principal, acho, deve ser a redução das desigualdades.
O projeto, Reforma da Previdência, ajuda ou não as diferenças. Isso deveria ser a decisão a ser tomada.
Não apenas “…o meu grupo foi atendido…”
“Se o PDT expulsar a deputada estará demonstrando claramente a estupidez e a intolerância da esquerda que, ao primeiro sinal de contradição resolve pelo expurgo do herege…..”
Mais Estupidez e Intolerância que a Atitude da Esquerda de SER CONTRA TUDO QUE O GOVERNO BOLSONARO FAZ, Não Existe.
A Esquerda (pT, PSOL e demais Siglas vazias) é um Mal em si mesma, deixando o Caos por onde passa.
Que nada, estou achando ótimo a “filhocracia”, a promoção por “mérito” e a “nova política”, que ia acabar com “tudo o que está aí”, talkey?
Discordo, Plínio. Em primeiro lugar, se for possível, gostaria que você apontasse os atos tomados pela deputada que embasam sua afirmação de que ela tem por objetivo melhorar a educação. Pelo que sei, e posso estar mal informado, ela defende o tal voucher como política educacional em vez de lutar pela educação pública de qualidade. Em segundo lugar, ao votar contra os professores e todos os demais trabalhadores a deputada contradiz todo o seu discurso. Ela também votou, pasme, e foi a única do PDT a votar assim, para tirar o abono do PIS para os trabalhadores que ganham até 2 mínimos. Em terceiro lugar, o financiamento e as ideias do movimento de onde ela veio são sim um sinal claro de qual lado ela está. Você deve saber muito mais de que eu que essa conversa mole de apartidarismo e ideologias que atrapalham a visão não passam de diversionismo. Por último, ela estava na reunião do partido que votou por fechar questão contra a reforma, e não há registro de discordância por parte dela nessa reunião. Acho que isso não pode ser chamado de “sinal de contradição”. Deputados oposicionistas dão conta de mais de 200 horas de reuniões e discussões sobre o texto da reforma sem que a deputada participasse ou discutisse algo. Os argumentos usados por ela para justificar o voto a favor são pífios e calcados somente no que alega o governo e o tal movimento Acredito, do qual ela faz parte. Penso que não há justificativa para a atitude dela.
Olá, Luciano, agradeço pela argumentação, mas observe que oponho à medida drástica da expulsão, sem considerar que “fechar questão” seja algo antidemocrático e também não considero que o filiado tenha o direito de agir de acordo com o que lhe dá na cabeça desconsiderando o partido. Entanto, creio que existe espaço para a preservação do diálogo.
Sim, dialogar é sempre o melhor caminho. Mas creio que há momentos para dialogar e para agir. O momento de dialogar era a reunião partidária, e a deputada não só não dialogou como concordou com o fechamento de questão. Além disso, os partidos de oposição, e ela pertence a um deles, realizaram diversas audiências e discussões sobre a reforma, também com a ausência da dela. No final das contas, Plinio, a deputada dialogou mesmo foi com o tal movimento Acredito, do qual ela faz parte. O futuro de todos os trabalhadores brasileiros em jogo e ela discutiu essa questão com Luciano Huck e outros do tal movimento, ignorando solenemente o partido ao qual é filiada e a oposição da qual faz parte.
Plínio,uma curiosidade. As notícias sobre o voto da Deputada Tabata, estão umbilicalmente ligadas a Ciro Gomes,principalmente na imprensa local,especialmente no OPOVO. Ocorre que, nenhum comentário,seja nos Blogs, seja em colunas, foi publicado. Imagino que existiram críticas e elogios,mais críticas a meu sentir. A não publicação de comentários( no seu caso), foi proposital,por tratar-se de Ciro, ou foi apenas problemas técnicos?
Olá, Antônio, liberei todos os meus comentários no meu blog. São 16, contando com este seu agora. Conferi agora e no meu computador estão aparecendo normalmente.