Governador afirma que barracas são "críticas" para a Praia do Futuro (Foto: Júlio Caesar/O POVO)

Governador afirma que barracas são “críticas” para o turismo da Praia do Futuro (Foto: Júlio Caesar/O POVO)

O governador Camilo Santana (PT) afirmou nesta quinta-feira, 6, que acionará a Procuradoria-Geral do Estado sobre decisão da Justiça que determinou a demolição de parte das barracas da Praia do Futuro, em Fortaleza. Afirmando que os equipamentos são “críticos” para o turismo do Estado, Camilo prometeu avaliar uma forma de contestar ou recorrer da decisão.

Confira entrevista de Camilo Santana nesta quinta-feira:

“Quando soube da decisão da Justiça, solicitei ao meu procurador qual o mecanismo que o estado poderia encontrar para recorrer ou questionar essa decisão (…) precisamos ver de que forma legal teremos”, disse Camilo, após evento em que assinou média salarial do Nordeste para policiais e bombeiros militares do Estado.

A remoção das barracas irregulares foi determinada ontem pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5), em Recife. A decisão segue ação do Ministério Público Federal (MPF) que aponta ocupação irregular de área da União. Segundo o MPF, barracas foram construídas sem qualquer controle ambiental e provocam “sérios danos ambientais” à praia.

Camilo Santana, no entanto, contesta que a demolição seja a única saída para a área. “Se querem tirar as barracas porque elas estão irregulares, porque não regularizar as barracas diante das irregularidades que estão acontecendo? Acho que aquilo ali é um patrimônio do povo cearense, do povo de Fortaleza. São pontos importantes para o Estado”, disse.

“TRF não conhece o Ceará”

Decisão do TRF também foi alvo de diversas críticas na Assembleia Legislativa. Em pronunciamento na Casa, o deputado Ely Aguiar (PSDC) afirmou que a ordem parte quem “não entende ou não conhece” a região nem o turismo do Ceará. “É sensato padronizar todas as barracas, mas não retirar. Essa decisão vai prejudicar muitas pessoas direta e indiretamente”.

Presidente da Comissão de Turismo da Assembleia, Sérgio Aguiar (PDT) prometeu convocar uma audiência pública para debater o caso no Legislativo. A ideia é levantar ideias para contestar a situação, além da padronização e organização das barracas da Praia do Futuro.

Degradação ambiental

O MPF destaca, no entanto, que as barracas, muitas sequer com esgotamento, provocam prejuízos inestimáveis à região. “Elas alteram a paisagem, impedem o transporte de sedimentos, degradam o mangue do local e geram residos poluentes que podem afetar até a vida marinha da região”, diz nota da assessoria do MPF sobre o tema.

O órgão destaca ainda que diversas barracas restringem o acesso à área de praia. “Ocupações ilegais geram, por óbvio, grande movimentação econômica, emprego e renda, assim como diversas outras atividades ilegais. A repercussão econômica de uma ilegalidade não é motivo para tornar a prática legal”, diz o MPF.

“A legislação, expressão da vontade geral em um regime democrático resolveu proteger as áreas de praias dando-lhes a caracterização de bem de uso comum do povo e não tornando-as instrumento de exploração econômica. A escolha legislativa, por óbvio, somente pode ser substituída, legitimamente, pela via parlamentar”, conclui o órgão.

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Carlos Mazza

Repórter do núcleo de Conjuntura do O POVO. Jornalismo de dados, reportagens investigativas, bastidores da política cearense. carlosmazza@opovo.com.br / Twitter: @ccmazza

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