Deputados cearenses divergiram sobre denúncias envolvendo Moro e procuradores (Foto: Divulgação)

A divulgação de conversas interceptadas entre o ministro Sergio Moro (Justiça) e membros da força-tarefa da Lava Jato tem dominado a pauta de debates da Assembleia Legislativa do Ceará. Desde o início da semana, parlamentares têm se revezado na tribuna Casa entre pronunciamentos contra ou a favor da atuação de Moro no processo. Confira como se posicionaram alguns dos deputados:

Acrísio Sena (PT): Para o petista, denúncias são “gravíssimas” e provariam que condenação do ex-presidente Lula (PT) foi “eminentemente política”. “Isso põe em suspeição todas as decisões tomadas pela operação Lava Jato e fere na prática a Constituição (…) chegamos ao ponto de interferência dos poderes nos rumos políticos da nação. É uma vergonha nacional”.

André Fernandes (PSL): Criticou defesa dos vazamentos feitos pelos colegas na Casa, acusando a base do governo Camilo Santana (PT) de “não ter moral” para criticar a condução da Lava Jato. “É por isso a revolta dos deputados com aquela conversa que foi ilegalmente vazada. Mas não se preocupem, porque o fim de todos é o mesmo, que é a cadeia”.

Carlos Felipe (PCdoB): Condenando o teor das conversas entre Moro e procuradores, defendeu que o episódio sirva de “reflexão” sobre o abuso de autoridade no País. “Precisamos questionar como deve ser a relação de uma sociedade com os seus juízes”. Ele defendeu ainda a divulgação das mensagens pelo The Intercept: “Isso é liberdade de imprensa”.

Delegado Cavalcante (PSL): Fez vários pronunciamentos defendendo Moro e procuradores da Lava Jato. Segundo ele, os vazamentos são uma “ação criminosa” feita por apoiadores do PT para desmoralizar a Operação e “soltar Lula”. “Entraram ilegalmente no celular de uma autoridade. Essa é uma ação contra a justiça de bem. Uma trama criminosa”, disse o deputado, que acusa o jornalista Glenn Greenwald como um ativista “político-partidário”.

Fernando Santana (PT): Se disse “estarrecido” com as denúncias e disse que ela provam que o ex-presidente Lula é um “preso político”. “Dizem que o está divulgado não é nem 1% do que ainda pode surgir, então o que vem pela frente é assustador e pode demonstrar a grande injustiça cometida contra o ex-presidente Lula, que é um preso político”.

Salmito Filho (PDT): Destacou trabalho feito pela Lava Jato, mas disse que as revelações podem prejudicar a Operação. “É como se um árbitro de futebol orientasse um dos time durante uma partida”, disse, defendendo o jornalista reponsável pelos vazamentos. “Ele divulgou abertamente um diálogo de interesse da sociedade e fez isso como repórter”.

Vitor Valim (Pros): Foi o mais cauteloso dos deputados, dizendo que ainda é cedo para analisar o caso. “Não podemos sequer afirmar que aquela conversa aconteceu entre os dois, pois não sabemos de onde elas vieram e quem é a fonte que teve acesso a esse conteúdo”. Destacou, no entanto, que o autor das interceptações é “um bandido”.

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Carlos Mazza

Repórter do núcleo de Conjuntura do O POVO. Jornalismo de dados, reportagens investigativas, bastidores da política cearense. carlosmazza@opovo.com.br / Twitter: @ccmazza

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