Pedro Bandeira sentado em uma cadeira, falando no microfone

Um dos artistas que mais contribuiu para valorização da cultura popular nos deixou não dia 24, mas seu legado será sempre lembrado e celebrado. O Sesc realiza live em homenagem na quinta-feira (27)

A arte que se traduz em poesia, literatura e cantoria, como forma de contar, entre palavras, desenhos e melodia, a nossa história. Mas não só isso! É o conhecimento que se transforma a partir das mãos e da mente de um mestre que sempre buscou exaltar as raízes nordestinas, a trajetória do homem do Sertão, que usou o seu talento para lutar pelo que é justo e para o bem de todos. Entre tantos que fazem da cultura a sua missão, talvez Pedro Barreira, que nos deixou na última segunda-feira (24), tenha sido um dos maiores. Afinal de contas, foram 65 anos de paixão por tudo que o Nordeste representa, materializado em livros, cordéis, canções e rimas.

Aclamado como príncipe dos poetas por sua versatilidade no improviso das cantorias, Pedro Bandeira foi referência viva da cultura popular. Nasceu no dia 1º de maio de maio de 1938, no sítio Riacho da Boa Vista, localizado no município de São José de Piranhas, na Paraíba, mas se mudou para a região do Cariri ainda jovem. Já na infância, mais precisamente aos seis anos de idade, o menino já escrevia seus primeiros versos.

Tornou-se profissional aos 17, quando já levava sua cantoria e poesia para os quatro cantos da região. Ao longo de sua carreira, produziu mais de mil folhetos, escreveu 14 livros, apresentou-se em diversos eventos e festivais, esteve à frente de programas de rádio e TV e lançou CDs e LPs. Suas músicas, inclusive, foram gravadas por nomes como Luiz Gonzaga, Fagner e Trio Nordestino, além de ter o reconhecimento de escritores e estudiosos ilustres da cultura popular, a exemplo de Jorge Amado e Luis Câmara Cascudo. E tem mais! Pedro Bandeira recebeu, em 2018, o título de Tesouro Vivo da Cultura do Ceará e, no ano seguinte, a Comenda Patativa do Assaré.

Um dos fatos mais marcantes e emblemáticas da carreira de Pedro Bandeira aconteceu na década de 1980, quando compôs a música “Graça Alcançada”, que se tornou famosa na voz da saudosa Lourdes Novaes, poeta e sua companheira de cantoria. “A canção se tornou o hino dos romeiros e faz parte da nossa história. O Sertão era a inspiração maior de Pedro Bandeira e isso está presente em toda a sua produção artística. Não por acaso, seus versos e rimas estarão para sempre na memória e no coração do povo nordestino”, afirma Daiane Feitosa, bibliotecária do Sesc Juazeiro do Norte.

O Sesc Ceará sempre fez questão de valorizar o legado de Pedro Bandeira. A unidade de Juazeiro do Norte, por exemplo, contou com a sua presença em diversos festivais de repentes e cantorias. Em 2018, participou da I Semana Cultural Poeta Pedro Bandeira, em homenagem aos seus 80 anos, realizada no Teatro Patativa do Assaré. Na ocasião, houve o lançamento do livro “Pedro Bandeira do Juazeiro – O Príncipe dos Poetas Populares”, com organização de Lucinda Azevedo. “A nossa Cordelteca conta ainda com um acervo de mais de 70 obras publicadas por Bandeira, entre livros e cordéis. São obras que mostram a realidade cultural do nosso Nordeste e que serviu de inspiração para vários outros cordelistas que escreveram sobre ele”, explica Daiane.

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E como forma de homenagear e enaltecer o legado deste grande artista, o Sesc Cordel Online vai realizar, nessa quinta-feira (27), às 17h, o recital da obra “Meio Século de Poesia”, de autoria do próprio Pedro Bandeira. Com a participação de Josiel Bernardo e Josiany Hevellim, a ação, que faz parte da programação do Sesc no Tudo em Casa Fecomércio e já estava programada para acontecer antes mesmo do seu falecimento, será transmitida pelo Instagram @josielbernardo e @ei_hevellim.

“Pedro Bandeira merece todo o nosso reconhecimento e todas as homenagens. Sua obra será sempre valorizada, assim como iremos fazer questão de perpetuá-la para as próximas gerações. O povo nordestino fica triste com a sua partida, mas temos certeza que a sua arte seguirá aquecendo nossos corações”, afirma Maurício Filizola, presidente do Sistema Fecomércio Ceará.

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