A experiência me ensinou que um dos meios mais poderosos para a propagação do bem é a imprensa, ao mesmo tempo em que é a arma mais poderosa para se propagar o mal, quando dela se abusa. Por meio da imprensa podem-se produzir muitos livros bons e folhetos para o louvor de Deus. Nem todos querem ou  podem ouvir a divina palavra, mas todos podem ler ou ouvir a leitura de um bom livro. Nem todos podem ir à igreja ouvir a palavra divina, porém o livro irá à sua casa. Nem sempre o pregador pode estar pregando, porém o livro sempre estará repetindo a mensagem, sem nunca se cansar, sempre disposto a repetir a mesma coisa, quer seja lido pouco ou muito, lido ou não uma ou mil vezes, não se ofende por isso, permanece o mesmo, sempre se acomoda à vontade do leitor.

Santo Antônio Maria Claret

[Autobiografia. Edição para a língua portuguesa (Brasil) preparada por Brás Lonrenzetti, Oswair Chiozini. – São Paulo: Editora Ave-Maria, 2008, p. 160]

O padre Ignasi Casanovas, escrevendo sobre Santo Antônio Maria Claret, disse:  …o padre Claret parece que se deixa levar docemente pela corrente das coisas como se estivesse nos braços da divina Providência (p.366). Descobrir a Autobiografia de Santo Antônio Maria Claret foi para mim um achado de inestimável valor. Eu nunca tinha lido ou ouvido nada sobre o santo espanhol. Nele, porém, descobri um Mestre. Encanta-me no santo espanhol, especialmente, sua capacidade de se deixar conduzir pela Providência Divina, como afirmou o padre Casanovas. Para El Padrito, como carinhosamente o chamavam os habitantes das ilhas Canárias, a vida tinha um propósito maior, e foi a este propósito que ele se entregou de corpo e alma, na certeza de que, para realizá-lo, bastava a entrega total aos desígnios divinos.  

Santo Antônio Maria Claret nasceu no dia 23 de dezembro de 1807 em Sallent, província de Barcelona e diocese de Vic, e faleceu em 24 de outubro de 1870. Foi o fundador da Congregação dos Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria, hoje conhecida como Missionários Claretianos. Foi um dos maiores divulgadores da devoção mariana, demonstrando sempre um carinho todo especial pela figura de Nossa Senhora. Por esse motivo, adotou como uma de suas estratégias de evangelização a distribuição de rosários, cuja recitação procurou incentivar entre os fiéis. Uma das demonstrações de sua devoção à Virgem foi o acréscimo do nome de Maria ao seu, quando de sua consagração episcopal, ocorrida a 6 de outubro de 1850.

O santo vislumbrou na distribuição de livros uma das formas mais eficazes de evangelização. Por esse motivo, fundou, em 3 de fevereiro de 1847, a Livraria Religiosa. Na sua Autobiografia encontra-se a seguinte informação: Quando começou o apostolado da imprensa, dedicava a ele os estipêndios das missas e as esmolas que recebia para isto… (Nota 36, p. 422). Numa de suas anotações, escreveu São Claret: Foram distribuídos 98.217 livros, 89.500 estampas, 20.660 rosários e 8.931 medalhas (p. 433). 

No discurso pronunciado no dia 9 de dezembro de 1926, quando da proclamação pública da sentença sobre a heroicidade das virtudes de Santo Antônio Maria Claret, o papa Pio XI, depois de atribuir ao santo o título de apóstolo moderno, afirmou: É um título, uma glória, um mérito característico de Antônio Maria Claret, ter abrigado uma feliz combinação do ministério da pregação, da caridade, do trabalho pessoal, com o emprego mais amplo, mais moderno, mais avançado, mais vivo, mais criativo, mais genialmente popular, do livro, do folheto, do panfleto devorador do tempo e do espaço (p. 553).   Pio XI proclamou Santo Antônio Maria Claret Apóstolo da boa imprensa.

Tenho aprendido muito com Santo Antônio Maria Claret, e ousaria dizer que, por mais de uma ocasião, me ocorreu sentir sua presença amiga e protetora em minha vida. Terei muito, ainda, o que falar neste blog a propósito desse grande Mestre, devendo fazê-lo em outras oportunidades.

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Vasco Arruda

Psicólogo, professor de História das Religiões e Psicologia da Religião.

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