Assim, tomei por advogado e senhor o glorioso São José, encomendando-me muito a ele. Vi com clareza que esse pai e senhor meu me salvou, fazendo mais do que eu podia pedir, tanto dessa necessidade como de outras maiores, referentes à honra e à perda da alma. Não me lembro até hoje de ter-lhe suplicado algo que ele não tenha feito. Espantam-me muito os muitos favores que Deus me concedeu através desse bem-aventurado Santo, e os perigos, tanto do corpo como da alma, de que me livrou. Se a outros santos o Senhor parece ter concedido a graça de socorrer numa dada necessidade, a esse Santo glorioso, a minha experiência mostra que Deus permite socorrer em todas, querendo dar a entender, que São José, por ter-Lhe sido submisso na terra, na qualidade de pai adotivo, tem no céu todos os seus pedidos atendidos.

Santa Teresa D`Ávila

[Teresa de Jesus. Obras Completas. Texto estabelecido por Fr. Tomas Alvarez, O.C.D. Direção Pe. Gabriel C. Galache, SJ. Tradução de Adail Ubirajara Sobral e outros. – São Paulo: Edições Carmelitanas: Edições Loyola, 1995, Livro da Vida, p. 49.]

Para cada Santo de que sou devoto, tenho um motivo e uma explicação especial para sê-lo. No caso de São José, me tornei devoto seu motivado por outra devoção, qual seja, a Santa Teresa D`Ávila. Foi a Mestra carmelita que me levou a me aproximar de São José, a quem durante a vida inteira sempre dedicou um carinho muito especial. A propósito, o primeiro convento fundado por ela, em Ávila, sua cidade natal, dedicou-o a esse santo.

No Livro da Vida, sua autobiografia, encontram-se diversas passagens em que a santa avilesa fala de seu amor por São José e das muitas ocasiões em que a ele recorreu, jamais deixando de ser atendida. Num episódio relatado no capítulo trinta e três, escreve: “Numa ocasião, estando numa necessidade que não sabia resolver, nem tendo com que pagar os operários, apareceu-me São José, meu verdadeiro pai e senhor, e deu-me a entender que recursos não me faltariam e que eu devia contratá-los. Eu o fiz, sem dispor de um centavo, e o Senhor, por caminhos que espantavam aos que o viam, me forneceu os recursos” (p. 227).

Parece que ela tem razão quando, referindo-se ao prestígio de São José diante de Cristo, diz que, por este lhe ter sido submisso na terra, não recusa qualquer pedido seu no céu. Transcrevo, à guisa de conclusão, um outro trecho do Livro da Vida, na certeza de que as palavras de Santa Teresa servirão como incentivo para que muitos que não o são ainda se tornem devotos de São José:

“Eu queria persuadir todos a serem devotos desse glorioso santo, pela minha grande experiência de quantos bens ele alcança de Deus. Não conheço nenhuma pessoa que realmente lhe seja devota e a ele se dedique particularmente, que não progrida na virtude; porque ele ajuda muito as almas que a ele se encomendam. Há alguns anos, sempre lhe peço, em seu dia, alguma coisa, nunca deixando de ser atendida. Se a petição vai algo torcida, ele a endireita para maior bem meu” (Livro da Vida, p. 50).

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Vasco Arruda

Psicólogo, professor de História das Religiões e Psicologia da Religião.

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