
PC Siqueira participa da Bienal de São Paulo
Por Isabel Costa (isabelcosta@povo.com.br)
Mariana Amorim (marianaamorim@opovo.com.br)
Youtubers ganham espaço no mercado editorial brasileiro. Para editoras, eles são mecanismo para arregimentar novos leitores
Para o mercado editorial, o sucesso dessa nova vertente literária é uma reprodução do atual cenário que vivemos. Segundo Felipe Colbert, editor da Novo Conceito, os livros dos influenciadores digitais vieram para agregar valores ao nicho infanto-juvenil. “Não é mais futuro, é realidade. Uma prova de que os dois canais (físico e digital) podem e devem caminhar juntos. Percebemos que muitos jovens passaram a se interessar pela leitura a partir desse estilo de publicação. Acreditamos que a barreira mais difícil, que é inserir esse grupo na literatura, está sendo derrubada especialmente do último ano para cá”, destaca Felipe.
De fato, desde 2015, houve uma invasão dessas obras nas prateleiras de grandes livrarias e sites de compra online. E, a cada mês, mais exemplares entram em pré-venda. Editoras como Paralela, Planeta, Ágape e Objetiva têm produções de youtubers em seus catálogos. E, apenas durante a Bienal de São Paulo, serão lançados livros dos youtubers Amanda Guimarães, Maju Trindade e Gustavo Stockler. Além disso, a programação inclui palestras de influenciadores digitais que já estão com os livros no mercado. Para conseguir autógrafos, os visitantes estão retirando senhas desde o dia 1º de agosto.
Nem tudo é levado para às prateleiras das livrarias, entretanto. “Partimos da premissa de que os livros de youtubers precisam apresentar conteúdo relevante para os leitores”, destaca Felipe Colbert. Segundo ele, cada canal possui um público alvo e os livros são pensados para atingir aquele nicho. Por isso, é realizado acompanhamento dos canais para detectar quais youtubers têm potencial de se tornar autores. “É a principal forma que temos de analisar a relevância do conteúdo abordado, a identificação e a interação dele com o público”, finaliza Felipe. A Novo Conceito já lançou livro do youtuber Christian Figueiredo.
Livros e Youtubers
Rejane Dias, diretora executiva da Editora Gutenberg, uma das pioneiras na publicação de celebridades da web, reforça que o conteúdo levado para os livros deve ter relevância. “Nós publicamos a Bruna Vieira, antes dela ter um canal no Youtube, por conta do texto que ela compartilhava no blog Depois dos quinze. Não era qualquer coisa. O conteúdo é o que define o que será publicado ou não”, completa.

Mandy Candy lança livro pela Rocco
Iniciante nas publicações de youtubers, a Rocco informou ao Leituras da Bel que também realiza acompanhamento da movimentação dos influenciadores digitais. “De fato, eles são uma força importante no mercado, atualmente”. A editora aposta no primeiro lançamento do nicho: Meu nome é Amanda, da youtuber Mandy Candy. A jovem transexual utiliza o seu canal para falar sobre preconceitos e superação.
Mas afinal, quem são os youtubers e como eles atingiram essa popularidade? A resposta é simples: são jovens, em sua maioria entre 20 e 30 anos, e moradores de capitais, que foram educados diante de computadores. Se comunicam com o mundo através de vídeos na Internet e os assuntos são os mais variados possíveis. Desde temas cotidianos, como uma viagem ou um filme, até pontos polêmicos como assédio e aceitação do próprio corpo.