“O fracasso subiu à cabeça do PSDB. Somente isso pode explicar por que um partido, saído do ventre do PMDB para combater suas velhas práticas, torna-se agora o sustentáculo de um governo peemedebista que degenera em praça pública. Nascido como um partido ideológico, de cunho socialista e democrático – como declarou à época Fernando Henrique Cardoso -, os tucanos queriam diferenciar-se do fisiologismo vigente. Mas o devaneio da social democracia, que lhe carimba o nome, foi abandonado quando o PT ocupou essa faixa do espectro ideológico. Ao PSDB restou mover-se à direita, aliando-se aos setores mais conservadores e retrógrados da sociedade.” (15/6/2017)
“Parece inacreditável que um partido repleto de políticos experientes tenha se metido em uma enrascada como essa em que o PSDB se envolveu. Uma explicação possível é que o inconformismo os tenha cegado, depois de o partido ter perdido a eleição presidencial para Dilma Rousseff. A derrota foi insuportável para a arrogância tucana – e a prepotência os levou à desgraça. (…) Foi esse embalo insano – conluio do PSDB com o PMDB de Eduardo Cunha e sua tropa venal – que levou os tucanos a se abraçarem Michel Temer, selando a fortuna do partido.” (2/11/2017)
“O partido (PSDB) cometeu um conjunto de erros memoráveis. O primeiro foi questionar o resultado eleitoral. Começou no dia seguinte (à eleição). Não é da nossa história e do nosso perfil. Não questionamos as instituições, respeitamos a democracia. O segundo erro foi votar contra princípios básicos nossos, sobretudo na economia, só para ser contra o PT. Mas o grande erro, e boa parte do PSDB se opôs a isso, foi entrar no governo Temer. Foi a gota d’água, junto com os problemas do Aécio (Neves). Fomos engolidos pela tentação do poder.” (Senador Tasso Jereissati, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, edição de 13/9/2018).
Os dois primeiros parágrafos são reproduções de trechos de artigos de minha autoria, publicados no O POVO, nas datas citadas. Como se pode observar, tirando uma palavra ou outra, é o que o senador Tasso Jeressati reconhece agora, em entrevista ao jornal paulista, depois de o leite ter sido derramado. Na época, quando eu fazia os comentários em artigos ou na rádio O POVO/CBN – dizendo inclusive que a política do PSDB levaria à desgraça o partido dos tucanos -, era chamado de “petista”. Respondia dizendo: “Amigos, isso não é torcida, é análise”, que se confirmou, como se vê, agora, nas palavras do próprio senador.
Sempre me pareceu ingenuidade inexplicável que o PSDB houvesse embarcado na aventura do impeachment, acreditando que o governo Temer pudesse ter algum sucesso, e imaginando que isso catapultaria os tucanos aos píncaros da glória, verdadeiros salvadores da pátria.
Mas “ingenuidade” talvez não seja o termo mais correto para explicar a ação do PSDB. Eles viram em Eduardo Cunha e na turma de Temer uma chance imediata de derrotar o PT, esquecendo-se de calcular as dramáticas consequências que fatalmente adviriam de uma aliança com gente dessa qualidade.
Além do mais – erro imperdoável na política e na guerra -, subestimaram a capacidade do adversário. Mesmo apanhando por todos os lados, incluindo a sangria em sua popularidade, e com manifestações de rua maciças contra o partido – o PT mostrou grande capacidade de resiliência, ao ponto de reverter a situação. Lula transformou-se em uma espécie de mártir vivo, ficando bem à frente de todos os adversários nas pesquisas de intenções de voto à Presidência. Provavelmente venceria a disputa, se pudesse concorrer.
Depois de tudo, vem Tasso Jeressaiti agir como engenheiro de obra pronta. Agora, o negócio está na casa do sem jeito. Tudo indica que Alckmin ficará pelo caminho – e, aqui no Ceará, o general de Tasso também. O PSDB vai amargar mais quatro anos fora do poder: um castigo e tanto para o inflado ego tucano.
PS. Artigos Plínio Bortolotti: PSDB/PMDB: o monitor e o monitorado e A única saída do PSDB. Tasso Jereissati: “Nosso grande erro foi ter entrado no governo Temer”.
Parabéns pela análise correta, isenta e imparcial.
Lúcido o comentário do jornalista PLÍNIO, eis que retrata a realidade de tudo o que aconteceu, mormente no que tange às frustradas pretensões que nutria o PSDB, após a trama ardilosa que tirou o PT do poder, da qual (trama) compartilhou integralmente. O tiro ‘saiu pela culatra’, haja vista que ‘os píncaros da glória’ não foram atingidos.
Lula mártir? Autocrítica do pt? Agora entendo a linha esquerdista bolivariana desse jornal que já foi importante um dia…
Amiguinho, leia de novo: 1) ou eu me expressei muito mal, ou 2) você não entendeu nada. Estou mais tendente a considerar a segundo opção.
Antes tardia, do que nunca feita, como no caso do PT.
Não sei onde estaríamos se a Dilma tivesse continuado, ela deixou 13 milhões de desempregados, mas de repente um quadro pior com ela e mais a Lava jato, enterraria ainda mais a imagem do PT.
Acredito que Lula ficaria na frente não por ser mártir, mas pelo seu curral eleitoral, pois é inexplicável que com tantos casos de corrupção e tantos bambambans do partido preso, o povo ainda queira corruptos no poder e pra infelicidade geral, não apenas corruptos petistas, vide Renan Calheiros vencendo em Alagoas.
O PSDB tem grande afinidade com o atual governo. Defende as reformas infames do Temeroso. Os tucanos votaram a favor da reforma trabalhista e da PEC dos gastos. Na reforma da previdência, com certeza votarão a favor. Eles são representantes da elite nacional. Desrespeitam a classe trabalhadora e o cidadão comum. Não se importam em mergulhar o país no caos, tão somente para atender aos anseios da elite econômica e do mercado financeiro. Não foi à toa que amargaram quatro derrotas consecutivas nas últimas eleições presidenciais. E torço para que aconteça o mesmo agora em 2018.
Querem saber quem é o Tasso leiam o jornal tribuna da imprensa na coluna do Hélio Fernandes, ou ainda o blog rastreadore$ de impureza$ do Crato. Uma coisa são os contadores de histórias beneficiados pelo Torquemada outra é a notícia imparcial.