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Vasco Arruda

Se a mim vos chegais, ó Senhor, como posso duvidar que serei capaz de prestar-vos muitos serviços? Se assim é, de hoje em diante, Senhor, quero esquecer-me de mim, e olhar só em que vos poderei servir, e não ter outra vontade senão a vossa. Mas não tem eficácia o meu querer: vós sois o poderoso, Deus meu! O que está em minhas mãos, que é determinar-me a agir, desde este momento o faço, disposta a por mãos à obra.
Santa Teresa d´Ávila
[Santa Teresa d´Ávila. Conceitos do amor de Deus, 4,11. Citado em: Gabriel de Sta. Mª Madalena, O.C.D. Intimidade Divina. – 5ª. ed. – Revisão: Silvana Cobucci e Paulo César de Oliveira. São Paulo: Loyola, 2010, p. 508.]

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Vasco Arruda

Os que se dedicam à crítica das ações humanas jamais se sentem tão embaraçados como quando procuram agrupar e harmonizar sob uma mesma luz todos os atos dos homens, pois estes se contradizem comumente e a tal ponto que não parecem provir de um mesmo indivíduo.
Michel de Montaigne
[Montaigne. Ensaios. – Tradução, prefácio e notas linguísticas e interpretativas de Sérgio Milliet. Rio de Janeiro: Ediouro, s/d. – Livro Segundo, Capítulo I, Da incoerência de nossas ações, p. 285.]

Vasco Arruda

Acho que esse livro depende de um milagre. Passo o dia ao lado do telefone, que não toca. Meu Deus! Por que não liga um jornalista dizendo que gostou do meu livro? Minha obra é maior que minhas manias, minhas palavras, meus sentimentos. Por ela me humilho, peco, espero, desespero.
Paulo Coelho
[Morais, Fernando. São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2008, p. 481.]

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Vasco Arruda

Desde que comecei a entrevistar escritores, há pelo menos duas décadas, sempre me impressionei com seu desamparo, com o abandono do homem massacrado pelas leituras que se aderem à obra, e me interessei mais por essas zonas sombrias em que eles travam suas batalhas, pelas pequenas torturas impostas pelo mercado e pela crítica, pelas exigências da vaidade, pela loucura enfim que toma conta de um homem quando ele se posta diante do papel em branco, do que pelas imagens sofisticadas e cheias de glamour que a mídia constrói a seu respeito. A julgar por essa imagem pública, escritores são indivíduos de ânimo firme, sempre cheios de coisas a dizer, que vivem uma rotina espetacular, habitando um mundo restrito, dedicado ao transe, às homenagens e à aventura. Mas escrever inclui farta dose de entrega, de abandono, de devassamento, e impõe um combate contínuo contra o orgulho, o desespero e a solidão, destino que faz dos escritores, quase sempre, seres suscetíveis e irrequietos, que carregam sonhos além de suas forças.
José Castello
[Castello, José. Inventário das sombras. – 3ª. ed. – Rio de Janeiro: Record, 2006, p. 7.]

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Vasco Arruda

Eu quis fazer de minha vida um laboratório.
Inventei (?) muitas fórmulas.
Experimentei todas.
Algumas foram bem-sucedidas.
De outras, ressurgi como Fênix.

Uma certeza firmei:
o que vale não é o que está explícito.
Para se ver claramente,
é preciso tirar todos os óculos
e andar nas entrelinhas.
Goretti Moreira
[Moreira, Goretti. Entrelinhas. – Fortaleza: Premius, 2012, p. 101.]

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Vasco Arruda

O Evangelho vem de Jesus Cristo, a religião não. É preciso partir de uma distinção básica, que agora vários teólogos já propuseram, entre o Evangelho e a religião. O Evangelho não é religioso. Jesus não fundou nenhuma religião. Dedicou-se a anunciar e promover o Reino de Deus, ou seja, uma mudança radical de toda a humanidade em todos os aspectos. Os pobres são os autores dessa mudança. Jesus se dirige aos pobres sabendo que só eles são capazes de atuar com essa sinceridade, com essa autenticidade de se promover um novo mundo. Jesus não fundou uma religião, mas seus discípulos criaram uma religião a partir dele. Por quê? Porque a religião é algo indispensável aos seres humanos. Não se pode viver sem religião. Como começou a religião cristã? Deve ter começado quando Jesus se transformou em objeto de culto. Isso aconteceu muito cedo, principalmente entre os discípulos que não o conheceram pessoalmente, não tinham vivido com ele nem ficado perto dele. Na geração seguinte ou entre os que viviam mais distantes, Jesus se transformou em objeto de culto e com isso se desumanizou progressivamente. O culto a Jesus vai substituindo o seguimento de Jesus. Jesus nunca tinha pedido aos discípulos um aro de culto, nunca tinha pedido que lhe oferecessem um rito, nunca. Ele quis o seguimento. Jesus veio para mostrar o caminho para que o sigamos. Isso é o básico. É claro que não sabemos tudo, porque a maioria dos que seguiram o caminho de Jesus era pobre. A maioria está no outro polo, na religião, ou seja, dedicando-se à doutrina, ensinando a doutrina, defendendo a doutrina contra os hereges e as heresias. Essa foi uma das grandes tarefas: praticar os ritos e formar a classe sagrada, a classe sacerdotal. Com os Concílios de Niceia e Constantinopla, já há um núcleo de ensino e de teologia e a Igreja já se dedica a defender, promover e aumentar essa teologia. Até Constantino não havia distinção entre pessoas sagradas e profanas. Todos eram leigos. O clero como classe separada é uma invenção de Constantino. Quando eu era jovem, nos deram ´história da Igreja´, que na realidade era ´ história da instituição eclesiástica´. Aí só se falava de religião, supondo que a religião fosse a introdução ao Evangelho. Mas o Evangelho se vive na vida real, material, social, enquanto a religião se vive num mundo simbólico. Tudo é simbólico: doutrina, ritos, sacerdotes. As religiões estão sempre associadas a uma cultura.
Pablo Richard
[Richard, Pablo. Movimento bíblico no povo de Deus e crise irreversível da Igreja hierárquica. Em: Hoornaert, Eduardo (org.). Novos desafios para o cristianismo: a contribuição de José Comblin. – São Paulo: Paulus, 2012, p. 30.]

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Vasco Arruda

A geração que viveu com Jesus e a imediatamente seguinte conheceram e vivenciaram até o extremo o lado humano de Jesus. A sua humanidade impunha-se pela evidência dos fatos. Viram-no ou ouviram testemunhas imediatas do terrível da Paixão e morte, em que nada aparecia da face divina. Antes, pelo contrário, Jesus se mostra um largado e abandonado de Deus e do próprio poder que, em alguns momentos, manifestara. As provocações junto à cruz revelam essa tremenda tensão: “Os que passavam por ali o insultavam, balançando a cabeça e dizendo: “Ah! Tu que destróis o Templo e o reconstróis em três dias, salva-te a ti mesmo, descendo da cruz (Mc 15,29-30)”, e pela boca dos sumos sacerdotes: “A outros salvou, a si mesmo não pode salvar. O Messias, o rei de Israel, desça agora da cruz, para que vejamos e acreditemos (Mc 15,31s)!”. E ele mesmo revela, no Horto das Oliveiras, pavor, angústia, tristeza mortal, suor de sangue, necessidade da presença dos apóstolos, desejo de que o Pai lhe afaste o cálice (Mc 14,33-36; Lc 22,43), e na hora da morte, enorme abandono por parte de Deus (Mc 15,34). Que prova necessitava para afirmar a extrema humanidade de Jesus até as raias da fraqueza? Paulo, retomando um hino anterior, expressa tal evidência dizendo que ele renunciara a maneira divina de andar entre nós e assumira a forma de escravo, tornando-se igual ao ser humano (Fl 2,6-7).
J. B. Libanio . Carlos Cunha
[Libanio, J. B. Linguagens sobre Jesus: as linguagens tradicional, neotradicional pós-moderna, carismática, espírita e neopentecostal / J.B.Libanio, Carlos Cunha. – São Paulo: Paulus, 2011, p. 27. = (Coleção Temas bíblicos; vol. 1)]

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Vasco Arruda

No entanto, perceber a rede de coincidências na nossa vida é apenas o primeiro estágio que nos permite entender e viver o sincronismo. O próximo estágio envolve desenvolver a percepção consciente das coincidências enquanto elas estão acontecendo. É fácil percebê-las em retrospecto, mas, se você conseguir detectar as coincidências no momento em que elas ocorrerem, estará em uma posição melhor para aproveitar as oportunidades que elas possam estar apresentando. Além disso, a percepção consciente de traduz em energia. Quanto mais atenção você der às coincidências, mais provável é que elas apareçam, o que significa que você começa a ter cada vez mais acesso às mensagens que lhe estão sendo enviadas a respeito do caminho e da direção de sua vida.
Deepak Chopra
[Chopra, Deepak. O essencial: princípios fundamentais do best-seller: a realização espontânea do desejo: a essência de como utilizar o poder infinito da coincidência. Tradução de Cláudia Gerpe Duarte. – Rio de Janeiro: Rocco, 2012, p. 15.]

Vasco Arruda

Ó almas obstinadas! Dai-me um homem que contemple (estas verdades), sem imaginar nada de carnal. Dai-me quem veja que unicamente o Uno perfeito é o princípio de todas as coisas que possuem unidade, nelas planificando ou não, essa unidade. Dai-me um homem que veja, sem levantar objeções, sem se dar ar de ver o que não vê. Dai-me um homem que resista ao fluxo de sensações carnais e aos golpes que elas infligem em sua alma. Alguém que resista aos costumes dos homens, aos elogios humanos, que chore no leito as suas culpas, que se dedique a reformar seu espírito, sem apego às vaidades, sem busca de ilusões.
Santo Agostinho
[Santo Agostinho. A verdadeira religião; O cuidado devido aos mortos. Tradução de Nair de Assis Oliveira. – São Paulo: Paulus, 2002, p. 89. (Patrística; 19)]