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40. O baú do escriba Artaban

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Vasco Arruda

Desta vez foi em plena rua que ele se manifestou. Fiquei surpresíssimo, pois algo semelhante nunca me acontecera. Mas ele se manifestou, e o fez de uma forma totalmente inusitada. Na verdade, não era exatamente ele, mas passei por uma experiência tão estranha e surpreendente que, pelas características, só poderia mesmo ser coisa dele. E o curioso é que, a princípio, nem me dei conta do que estava acontecendo. Na verdade, somente alguns dias depois comecei a juntar as peças e montar o quebra-cabeças; foi aí que pude discernir o motivo para o que estava me acontecendo, qual era a fonte e que mensagem estava sendo transmitida.

Vasco Arruda

Há muitos anos, não me recordo exatamente citado por quem, deparei-me com a seguinte frase grafada em latim: Homo sum: nihil humani a me alienum puto, seguida da tradução: Sou homem: nada do que é humano me é estranho. A frase é de autoria de Publio Terêncio Afro, dramaturgo e poeta romano, nascido entre 195-185 a.C. e falecido por volta de 159 a.C., que a escreveu na obra intitulada Heaautontimorumenos. Dentre os muitos escritores que ao longo dos séculos citaram a frase o autor do texto que eu li destacava Machado de Assis, que, segundo afirmou, tinha por ela uma predileção toda especial, fazendo uso dela mais de uma vez.

Vasco Arruda

Era manhã de sábado e estávamos encerrando um encontro no qual faláramos da figura de Cristo e de como as pessoas o reverenciam hoje. Auditório lotado, plateia animada e sequiosa por discutir especialmente as projeções psicológicas quase sempre (eu diria sempre) presentes nas aproximações que os cristãos fazem à figura do Redentor. Em alguns momentos foram salientadas as formas supostamente infantis de veneração de Cristo. O fato é que, para a maioria das pessoa, ele encarna a figura do pai protetor e misericordioso pronto para socorrer até nas necessidades mais insignificantes.

Vasco Arruda

Mi gallejo, mira quién llama./ _ Angeles son, que ya viene el alba.
Santa Teresa de Jesus
[Teresa de Jesus. Obras Completas. Texto estabelecido por Fr. Tomas Alvarez, O.C.D. Direção Pe. Gabriel C. Galache, SJ. Tradução de Adail Ubirajara Sobral e outros. – São Paulo: Edições Carmelitanas: Edições Loyola, 1995, Al Nacimiente del Niño Dios, p. 990]

Vasco Arruda

Marcaram um dia, pois, com ele, e vieram em maior número encontrá-lo em seu alojamento. Ele lhes fez uma exposição, dando testemunho do Reino de Deus e procurando persuadi-los a respeito de Jesus, tanto pela Lei de Moisés quanto pelos Profetas. Isto, desde a manhã até a tarde. Uns se deixaram persuadir pelo que ele dizia; outros, porém, recusavam-se a crer. Estando assim discordantes entre si, eles se despediram, enquanto Paulo dizia uma só palavra: “Bem falou o Espírito Santo a vossos pais, por meio do Profeta Isaías, quando disse:
Vai ter com este povo e dize-lhe: em vão escutareis, pois não compreendereis; em vão olhareis, pois não vereis. É que o coração deste povo se endureceu: eles taparam os ouvidos e vendaram os olhos, para não verem com os olhos, nem ouvirem com os ouvidos, nem entenderem com o coração, para que não se convertam, e eu não os cure!
Ficai, pois, cientes: aos gentios é enviada esta salvação de Deus. E eles a ouvirão”.
Atos dos Apóstolos 28,23-28
[Bíblia de Jerusalém. Gorgulho, Gilberto da Silva; Storniolo, Ivo; Anderson, Ana Flora (Coord.). Tradução do texto em língua portuguesa diretamente dos originais. 4ª reimpressão. São Paulo: Paulus, 2006, p. 1953.]

Vasco Arruda

Não há um Deus. Não, não há um Deus que venha nos socorrer e sarar nossas feridas nos momentos periclitantes da vida. O homem, em sua indigência, ao longo de milhares de anos tem criado deuses e mais deuses de acordo com suas necessidades e demandas. Tais deuses, admitamos, servem muito mais como consolo do que como intercessores eficazes na operação de milagres ou solução de demandas. As respostas eficazes às súplicas dos devotos e fiéis, é preciso dizer, são em número reduzido, talvez muito mais frutos do acaso e de algumas convergências de fatores fortuitos, do que qualquer outra coisa.

Vasco Arruda

E o Espírito se apressou até ele e o despertou. Deu a mão àquele que estava deitado inerte no solo, colocou-o firme nos seus pés, pois ele ainda não havia se erguido. Ele lhes deu meios de ter o conhecimento do Pai e a revelação de seu Filho. (…) Ele inspirou-os com aquilo que está na mente, enquanto fazia sua vontade.
O Evangelho da Verdade
[Apócrifos e Pseudo-epígrafos da Bíblia. Organização Eduardo Proença. Tradução Claudio J. A. Rodrigues. São Paulo: Fonte Editorial Ltda., 2005, p. 630]

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Vasco Arruda

Tinha concluído minhas orações matinais e me postara diante do computador quando um odor forte inundou a biblioteca. Aquele cheiro não me era estranho, embora eu não conseguisse, de imediato, identifica-lo. O móbile dependurado na janela começou a tilintar. Há alguns dias, por indicação de Dom Cristiano, eu adquirira um novo móbile e, conforme sua sugestão, pendurara na janela da biblioteca. O odor se tornou mais forte, bem mais forte. “Alecrim!”, exclamei com meus botões. Isso mesmo, era essência de alecrim o odor que recendia na biblioteca.