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Vasco Arruda

Rafael é um dos poucos anjos mencionados pelo nome na Bíblia. O nome Rafael, que significa “Deus curou” ou “o que brilha e cura”, é de origem caldeia. Ele era originalmente chamado Labiel; o termo hebraico rapha significa “curador”, “doutor” ou “cirurgião”. Ele é o governante dos anjos da cura. Geralmente é associado à imagem de uma serpente.
James R. Lewis e Evelyn Dorothy Oliver
[Lewis, James R. e Oliver, Evelyn Dorothy. Enciclopédia dos Anjos. Tradução Daniel Vieira. – São Paulo: MAKRON Books do Brasil Editora Ltda., 1999, p. 314]

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Vasco Arruda

Algo nos inquietava. Precisávamos de rotinas e condutas no Serviço adaptadas à nossa cultura e realidade e não apenas copiadas de textos internacionais ou oriundos do Sul e Sudeste do País.
A partir de uma revisão iniciada pela Dra. Ticiana Rolim, então residente do Serviço, passamos a estabelecer condutas padronizadas nas enfermarias e ambulatórios de gastroenterologia do HGF. Com o passar dos anos, o nosso protocolo de condutas cresceu e se consolidou no Hospital e passamos a distribuí-lo, no início de cada ano, aos médicos, médicos-residentes e estudantes que conosco trabalhavam.
Esse ano decidimos ousar. Convocamos colegas do Serviço e ex-residentes do HGF para revisar os textos e ampliá-los para que pudéssemos dividir a nossa experiência ao longo desses anos com toda a comunidade médica do Ceará. Não escrevemos um compêndio nem uma obra acabada. Trata-se de um pequeno guia de condutas, adaptado à nossa realidade e embasado em experiências já publicadas, que possa ser conduzido, como um amigo e orientador inseparável, no dia a dia das enfermarias e ambulatórios.
Por fim, como não somos felinos e não poderemos ensiná-los o pulo do gato, tentaremos apenas ensinar O PULO DO GASTRO.
Dr. Sérgio Pessoa
[Pessoa, Francisco Sérgio Rangel de Paula. O pulo do gastro: manual de rotinas e condutas em gastroenterologia. – Fortaleza: Premius, 2010, p. 7]

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Vasco Arruda

Alguém disse: “Mawlana não fala”. Eu disse: “Foi minha imaginação que atraiu essa pessoa; minha imaginação não lhe diz: “Como vais?” ou “Como estás?” Ela a atraiu sem palavras. Se é dessa maneira que minha realidade atrai e conduz a outro lugar, o que há de espantoso nisso? A palavra é a sombra da realidade e seu complemento. Se a sombra atrai, a realidade atrai mais ainda. A palavra é um pretexto: o que faz uma pessoa ser atraída por outra é a afinidade que as une, não a palavra. Assistir a milhares de milagres e prodígios sem desfrutar dessa parte de profecia e santidade, de nada serve. É essa correlação que produz a febre e a inquietação. Se na palha não houvesse um pouco de âmbar, ela jamais se sentiria atraída pelo âmbar; ambos têm uma homogeneidade invisível e oculta.
Mawlana Rumi
[Jálál al-Din Rumi, Mawláná. Fihi ma fihi: o livro do interior. Tradução Margarita Garcia Lamelo. – Rio de Janeiro: Edições Dervish, 1993, p. 29]

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Vasco Arruda

Embora não haja consenso sobre a questão de sua origem, se a alquimia surgiu primeiro na China ou no Egito do período helenístico, não há dúvida de que, no mundo ocidental, sua tradição remonta a este último local e época e que o grego foi a primeira língua em que os textos alquímicos foram elaborados. Assim, é curioso que, desde seu início, a alquimia helenística estivesse imbuída da crença de que devia sua origem a uma ciência sagrada e secreta de tradição judaica, ou hebraica. Uma das formas assumidas por essa crença, mas sem nenhuma comprovação histórica, era a criação de uma pré-história bíblica e mítica para a alquimia; uma outra era a frequentemente proclamada, mas historicamente não comprovada, afirmação de que os judeus eram os únicos que estavam na posse de um verdadeiro conhecimento alquímico.
Por outro lado, existe comprovação histórica de que, em meio aos alquimistas do período helenístico, havia vários adeptos judeus, um dos quais Maria, a Judia, considerada por eles como a fundadora de sua arte. Zózimo e outros constantemente se referem a Maria como a autoridade suprema, tanto em termos da teoria quanto da prática da alquimia, e seus ensinamentos, em muitos casos na forma de concisos aforismos, são citados como se fossem pronunciamentos proféticos.
Raphael Patai
[Patai, Raphael. Os alquimistas judeus: um livro de história e fontes. Tradução Maria Clara Cescato e Diana Souza Pereira. – São Paulo: Perspectiva, 2009, p. 99. – (Perspectivas / direção J. Guinsburg)]

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Vasco Arruda

Nós mesmos, eis a grande questão da viagem. Nós mesmos e nada mais. Ou pouco mais. Certamente há muitos pretextos, ocasiões e justificativas, mas em realidade só pegamos a estrada movidos pelo desejo de partir em nossa própria busca com o propósito, muito hipotético, de nos reencontrarmos ou, quem sabe, de nos encontrarmos. A volta ao planeta nem sempre é suficiente para obter esse encontro. Tampouco uma existência inteira, às vezes. Quantos desvios, e por quantos lugares, antes de nos sabermos em presença do que levanta um pouco o véu do ser! Os trajetos dos viajantes coincidem sempre, em segredo, com buscas iniciáticas que põem em jogo a identidade. Também aí o viajante e o turista se distinguem e se opõem radicalmente. Um não cessa de buscar e às vezes encontra, o outro nada busca e, portanto, nada obtém.
Michel Onfray
[Onfray, Michel. Teoria da viagem: poética da geografia. Tradução de Paulo Neves. – Porto Alegre: L&PM, 2009, p. 75]

Vasco Arruda

Não há um Deus. Não, não há um Deus que venha nos socorrer e sarar nossas feridas nos momentos periclitantes da vida. O homem, em sua indigência, ao longo de milhares de anos tem criado deuses e mais deuses de acordo com suas necessidades e demandas. Tais deuses, admitamos, servem muito mais como consolo do que como intercessores eficazes na operação de milagres ou solução de demandas. As respostas eficazes às súplicas dos devotos e fiéis, é preciso dizer, são em número reduzido, talvez muito mais frutos do acaso e de algumas convergências de fatores fortuitos, do que qualquer outra coisa.

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Vasco Arruda

Um homem, – era naquela noite amiga,
Noite cristã, berço do Nazareno, –
Ao relembrar os dias de pequeno,
E a viva dança, e a lépida cantiga,

Quis transportar ao verso doce e ameno
As sensações da sua idade antiga,
Naquela mesma velha noite amiga,
Noite cristã, berço do Nazareno.

Escolheu o soneto… A folha branca
Pede-lhe a inspiração; mas, frouxa e manca,
A pena não acode ao gesto seu.

E, em vão lutando contra o metro adverso,
Só lhe saiu este pequeno verso:
“Mudaria o Natal ou mudei eu?”

Machado de Assis
[Assis, Machado de. Obra completa em quatro volumes: volume 3. Organização Aluízio Leite Neto, Ana Lima Cecilio, Heloisa Jahn. – 2.ed. – Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2008, p.584. v. – (Biblioteca luso-brasileira. Série brasileira)]

Vasco Arruda

Gente,
a demissão recente do professor Luís Eduardo Torres Bedoya (o “Lucho”), mestre em Bíblia, pela atual diretoria da Faculdade Católica de Fortaleza me chocou profundamente. Que empobrecimento para a exegese, para a hermenêutica, para uma compreensão libertária das sagradas Escrituras! Onde vai parar este expurgo???
Sinto que não posso me omitir. Eis no anexo o que me veio à mente…
Peço que divulguem ao máximo (só se concordarem com o conteúdo, é claro), pois quem cala, consente.
Com grande pesar e muita solidariedade com o companheiro Lucho e a sua família,
Carlo Tursi

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Vasco Arruda

Evidentemente Jesus existiu – assim como Ulisses e Zaratustra, e pouco importa saber se viveram fisicamente, em carne e osso, numa época precisa num lugar identificável. A existência de Jesus não é de modo nenhum comprovada historicamente. Nenhum documento contemporâneo do acontecimento, nenhuma prova arqueológica, nada de certo permite concluir hoje pela verdade de uma presença efetiva na articulação dos dois mundos abolindo um, nomeando o outro.
Não há túmulo, não há sudário, não há arquivos, com exceção de um sepulcro inventado em 325 por santa Helena, mãe de Constantino, muito dotada, pois também se deve a ela a descoberta do Gólgota e a do titulus, pedaço de madeira que traz o motivo da condenação. Um pedaço de tecido que a datação por carbono 14 atesta datar do século XIII de nossa era e que só um milagre poderia fazer com que envolvesse o corpo de Cristo mais de mil anos antes do cadáver putativo! Finalmente, três ou quatro vagas referências muito imprecisas em textos antigos – Flávio Josefo, Suetônio e Tácito -, certamente, mas em cópias feitas alguns séculos depois da suposta crucificação de Jesus e principalmente bem depois do sucesso de seus turiferários…
(…)
Quem é o autor de Jesus? Marcos. O evangelista Marcos, primeiro autor do relato das aventuras maravilhosas do denominado Jesus. Provável acompanhante de Paulo de Tarso em seu périplo missionário, Marcos redige seu texto por volta de 70. Nada prova que ele tenha conhecido Jesus em pessoa, é óbvio! Um contato franco e claro teria sido visível e legível no texto. Mas não se convive com uma ficção… Apenas se credita a ela uma existência à maneira do espectador de miragem no deserto que acredita na verdade e na realidade da palmeira e do oásis vislumbrados no calor abrasador. O evangelista conta então na incandescência histérica da época a ficção sobre a qual afirma toda a verdade, de boa-fé.
Michel Onfray
[Onfray, Michel. Tratado de ateologia: física da metafísica. Tradução Monica Stahel. – São Paulo: WMF Martins Fontes, 2007, p. 97 e 103]

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Vasco Arruda

O Concílio Ecumênico Vaticano II afirma que “Maria avançou em peregrinação de fé” (Lumen Gentium, VIII, 58). Embora fosse toda de Deus na santidade de seu ser e na abertura de sua alma, mesmo depois de ter sido atingida pela graça de intimidade com o Filho e com o Espírito Santo, ela crescia na compreensão da verdade da fé. A compreensão progressiva incluía tanto o mistério e a missão de seu Filho quanto sua própria missão de mãe e de colaboradora. Maria ignorava as consequências de seu sim generoso. Apenas conhecia o essencial: seu filho era Filho de Deus e Salvador. Em consonância, as Escrituras dão a entender o conhecimento de Maria, de claridade em claridade, na condição de peregrina na fé.
Dom Edson de Castro Homem
[Homem, Dom Edson de Castro. Maria da nossa fé. São Paulo: Paulinas, 2007, p. 33. – (Coleção arte e mensagem)]