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Vasco Arruda

677 Articles

Psicólogo, professor de História das Religiões e Psicologia da Religião.

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Vasco Arruda

Resistimos à nossa trilha, ao nosso destino, por causa do medo. E nunca é demais enfatizar o medo e o tremor que podemos sentir quando recebemos o chamado para deixar para trás a segurança. Essa é, para a maior parte de nós, uma experiência assustadora: estamos desesperados para saber que as coisas vão dar certo, mas tudo o que conseguimos ver é o abismo. A jornada exige que nos desapeguemos dos fundamentos de quem fomos e do que temos acreditado sobre nós mesmos e sobre a vida. Queremos ter a certeza de que não seremos aniquilados pelo caminho.

Kathleen A. Brehony

[Brehony, Kathleen A. Despertando na meia-idade: tomando consciência do seu potencial de conhecimento e mudança. Tradução Thereza Christina F. Stummer. – São Paulo: Paulus, 1999, p. 45.]

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Vasco Arruda

Jesus morre, morre, e já o vai deixando a vida, quando de súbito o céu por cima da sua cabeça se abre de par em par e Deus aparece, vestido como estivera na barca, e a sua voz ressoa por toda a terra, dizendo, Tu és o meu Filho muito amado, em ti pus toda a minha complacência. Então Jesus compreendeu que viera trazido ao engano como se leva o cordeiro ao sacrifício, que a sua vida fora traçada para morrer assim desde o princípio dos princípios, e, subindo-lhe à lembrança o rio de sangue e de sofrimento que do seu lado irá nascer e alagar toda a terra, clamou para o céu aberto onde Deus sorria, Homens, perdoai-lhe, porque ele não sabe o que fez. Depois, foi morrendo no meio de um sonho, estava em Nazaré e ouvia o pai dizer-lhe, encolhendo os ombros e sorrindo também, Nem eu posso fazer-te todas as perguntas, nem tu podes dar-me todas as respostas.
José Saramago
[Saramago, José. O Evangelho segundo Jesus Cristo. São Paulo: Companhia das Letras, 1991, p. 444.]

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Muitas vezes refleti aqui sobre onde estariam os limites entre a necessária resistência contra o “destino” e a igualmente necessária submissão. (…) Creio que realmente devemos empreender coisas grandes e próprias, mas ao mesmo tempo fazer o que é óbvia e universalmente necessário; precisamos enfrentar o “destino” – o fato de esse conceito ser “neutro” me parece importante – com a mesma determinação com que devemos nos submeter a ele em tempo oportuno. Só de pode falar de “condução” para além desse duplo processo; Deus não vem ao nosso encontro apenas como um tu, mas também “disfarçado” de “isso”; portanto, a minha questão trata, no fundo, de como podemos achar um “tu” nesse “isso” (“destino”), ou em outras palavras – (…) – como o “destino” torna-se de fato “condução”.
Dietrich Bonhoeffer
[Bonhoeffer, Dietrich. Resistência e submissão: cartas e anotações escritas na prisão. Tradução de Nélio Schneider. São Leopoldo, RS: Sinodal, 2003, Carta para Eberhard Bethge, p. 306-307.]

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Nossa primeira lição é a seguinte: para rezarmos bem, precisamos “usar” o nosso coração juntamente com nossa razão, envolvendo-nos emocionalmente com as palavras que professamos por nossos lábios. Palavras que brotam espontaneamente de nossa memória, onde estão registradas todas as fórmulas aprendidas e decoradas durante a nossa vida. Caso contrário, corremos o sério risco de tornar as nossas preces insípidas, sem vida e, consequentemente, sem valor para nós mesmos.

Antonio Miguel Kater Filho

[Kater Filho, A. M. Orar com eficácia e poder. São Paulo: Editora Ave-Maria, 2007, p. 11.]

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Querendo, então, o Senhor mostrar o amor que tinha para com ele, imprimiu em seus membros e em seu lado os estigmas de seu diletíssimo Filho. E porque o servo de Deus, Francisco, desejava ir à sua “casa e ao lugar de habitação de sua glória” (Sl 25,8), o Senhor o chamou a si, e assim ele migrou gloriosamente ao Senhor. Depois disso, apareceram muitos sinais e milagres no meio do povo, pelos quais os corações de muitos homens, que eram duros em crer nas coisas que o Senhor se dignara mostrar em seu servo, se transformaram em brandura, dizendo: “Nós, insensatos, julgávamos a sua vida uma loucura e sem honra a sua morte. Eis que foi contado entre os filhos de Deus, e entre os santos está a sua sorte” (Sb 5,4-5). Anônimo Perusino

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A primeira grande pergunta filosófica é: o que é? A segunda, que segue naturalmente a primeira, é: como sabemos o que é? A primeira pergunta refere-se ao ser; a segunda, à verdade. A verdade diz respeito ao ser, pois “verdade” quer dizer “a verdade do ser”. “A laranja é redonda” é verdade apenas porque a laranja é redonda. A resposta de Jesus para a primeira pergunta, a respeito do ser, foi Ele mesmo. A resposta não era apontar para algo, mas ser, “Eu sou”. Por isso, a resposta Dele para a segunda pergunta, a respeito da verdade, também não aponta para nenhuma outra coisa como a verdade, mas simplesmente para o fato de Ele mesmo ser a verdade: “Eu sou […] a verdade” (João 14:6).
Peter Kreeft
[Kreeft, Peter. Jesus: o maior filósofo que já existiu. Tradução Lena Aranha. – Rio de Janeiro: Ediouro, s/d. (Pocket Ouro), p. 55.]

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A vida de oração mariana nos alcança pouco a pouco – uma alma e uma vida “mariformadas”, conforme a ideia preferida pelos contemplativos do Carmelo – e por Monfort, por seu turno. O que nós citamos a respeito dele resumia já o essencial disso. No século XVII, o carmelita Miguel de Santo Agostinho escreveu um livro intitulado: Vie mariformée em Marie, pour Marie. O Pe. Laurentein apresenta-o assim: “ … Disse que esta vida mariformada é uma vida em conformidade com a vontade de Maria. Para viver em Maria é preciso ´esforçar-nos´ por conservar e aumentar em nós uma conversação filial, afetuosa e inocente da alma, uma respiração amorosa para Maria… de maneira que o amor para com ela e por ela seja um suave fluxo e refluxo. Viver por Maria ´e consumir suas forças a fim de que Maria seja, em todas as coisas, honrada, glorificada e amada; que seu reino seja promovido no reino de seu Filho Jesus´. Esta vida atinge sua perfeição quando a alma se deixa formar e animar pelo espírito de Maria até ser transformada nela, de maneira que Maria vive e tudo faz nela”.
Pe. Daniel Lacouture

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Vasco Arruda

Aqui está o mistério da minha vocação, da minha vida inteira e, sobretudo, o mistério dos privilégios de Jesus sobre minha alma… Não chama os que são dignos, mas os que Ele quer ou, como diz São Paulo: “Deus se compadece de quem Ele quer e tem misericórdia para quem quer ter misericórdia. Portanto, não é obra de quem quer nem de quem procura, mas de Deus que tem misericórdia” (Ep. Aos Rom.., cap. IX, v. 15 e 16).

Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face

Vasco Arruda

Albert Schweitzer interagiu com aproximadamente duzentos livros sobre Jesus quando publicou seu clássico Em busca do Jesus histórico, em 1907. Hoje, seria preciso consultar um número ainda maior de livros, sendo necessárias muitas páginas apenas para enumerar as teorias sobre quem Jesus é. Minha tarefa…