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Vasco Arruda

677 Articles

Psicólogo, professor de História das Religiões e Psicologia da Religião.

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Vasco Arruda

De fato, não foi mediante a Lei que se fez a promessa a Abraão, ou à sua descendência, de ser o herdeiro do mundo, mas por meio da justiça da fé. Porque, se os herdeiros fossem os da Lei, a fé ficaria esvaziada e a promessa sem efeito. Mas o que a Lei produz é a ira, ao passo que onde não há lei, não há transgressão. Por conseguinte, a herança vem pela fé, para que seja gratuita e para que a promessa fique garantida a toda a descendência, não só à descendência segundo a Lei, mas também à descendência segundo a fé de Abraão, que é o pai de todos nós, conforme está escrito: Eu te constituí pai de uma multidão de nações – nosso pai em face de Deus em quem creu, o qual faz viver os mortos e chama à existência as coisas que não existem. Ele, esperando contra toda a esperança, creu e tornou-se assim pai de muitos povos, conforme lhe fora dito: Tal será tua descendência.
São Paulo
[São Paulo. Epístola aos Romanos, 4,13-18. Bíblia de Jerusalém. Gorgulho, Gilberto da Silva; Storniolo, Ivo; Anderson, Ana Flora (Coord.). Tradução do texto em língua portuguesa diretamente dos originais. 4ª reimpressão. São Paulo: Paulus, 2006, p. 1972.]

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Vasco Arruda

Que pessoa é então Jesus Cristo? O conhecimento revelado diz que é a segunda pessoa da Santíssima Trindade: “nascido do Pai antes de todos os séculos”, “Luz de Luz”, “Deus verdadeiro de Deus verdadeiro” – pessoa divina que une em Si, hipostaticamente, uma natureza de Deus e uma natureza de homem. Mas o mero conhecimento racional e científico diz que a personalidade de Jesus Cristo é excelente sobre todas as personalidades humanas de que há notícia e, por isso, em todas as épocas e latitudes, continua a ser estudada e venerada até por muitos que não se proclamam da Sua doutrina.
Assim, a cultura não para de buscar o esclarecimento desta figura de milagre: a literatura, as belas-artes, a música, o cinema, a teologia, a filosofia, a história com suas modernas técnicas e ciências afins, a cada passo aprofundam a realidade de Jesus Cristo, procurando quantas vezes desvendar o mistério pelo estudo da “pessoa e sua circunstância” e deixando-nos sempre a igual lonjura do mistério, para concluir que, só quando o estudo é ato de fé, estamos em condições de ver essa “Luz do Mundo”, que também Se afirmou Caminho, Verdade e Vida.
Prof. Doutor José do Patrocínio Bacelar e Oliveira, S.J.
[Prof. Doutor José do Patrocínio Bacelar e Oliveira, S.J.. “Uma história dentro da história”, texto de introdutório ao livro de Dante Alimenti, Seguindo a Jesus. Volume 1. Editorial Verbo, 1991, p. 4.]

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Vasco Arruda

Em 1676, Nosso Senhor se manifestou à irmã Margarida Maria Alacoque e, mostrando com a mão o seu coração, diz: “Eis o coração que tanto amou os homens, nada poupando até exaurir-se e consumir-se para lhes testemunhar seu amor. E em reconhecimento, não recebo da maior parte deles senão ingratidões, com o desprezo, com as indiferenças, com os sacrilégios e a frieza que têm para comigo neste sacramento de amor; mas o que mais me faz sofrer ainda é que são corações a mim consagrados aqueles que me tratam assim. Eis por que te peço que na primeira sexta-feira depois da oitava do Corpus Domini seja dedicada uma festa particular para honrar o meu coração, fazendo-lhe gloriosa reparação e comungando naquele dia para ressarcir então as indignidades recebidas durante o tempo em que esteve exposto nos altares. Eu te prometo que o meu coração se dilatará, para efundir com abundância os efeitos de seu amor divino sobre aqueles que lhe renderem esta honra e procurarem que lhe seja rendida”
Santa Margarida Maria Alacoque, Diário
[Citado em: Sgarbossa, Mario. Os santos e os beatos da Igreja do Ocidente e do Oriente: com uma antologia de escritos espirituais. Tradução Armando Braio Ara. – São Paulo: Paulinas, 2003, p. 585]

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Vasco Arruda

Hoje em dia, tanto entre católicos como entre os não-católicos de todo o mundo, acredita-se que Maria, a mãe de Jesus, não pode servir como uma fonte de inspiração para a mulher moderna. Definida e interpretada por homens celibatários, a tradicional mariologia tem pouco a dizer a respeito dos desafios e das aspirações das mulheres no mundo atual. As homilias dos dias de festas marianas feitas pelos sacerdotes tendem mais a alienar e a frustrar as mulheres da comunidade do que a inspirá-las. Não surpreende que muitas optem por ignorar totalmente Maria, dando preferência a figuras bíblicas como as irmãs Marta e Maria, ou Maria Madalena, conhecida como “a apóstola dos apóstolos” na Igreja primitiva, por ter sido ela a primeira a testemunhar a Ressurreição.
Tina Beattie
[Beattie, Tina. Redescobrindo Maria a partir dos Evangelhos. Tradução Silvio Neves Ferreira. – 3ª. ed. – São Paulo: Paulinas, 2007, p. 3. – (Coleção Maria em nossa vida).]

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Vasco Arruda

Rafael é um dos poucos anjos mencionados pelo nome na Bíblia. O nome Rafael, que significa “Deus curou” ou “o que brilha e cura”, é de origem caldeia. Ele era originalmente chamado Labiel; o termo hebraico rapha significa “curador”, “doutor” ou “cirurgião”. Ele é o governante dos anjos da cura. Geralmente é associado à imagem de uma serpente.
James R. Lewis e Evelyn Dorothy Oliver
[Lewis, James R. e Oliver, Evelyn Dorothy. Enciclopédia dos Anjos. Tradução Daniel Vieira. – São Paulo: MAKRON Books do Brasil Editora Ltda., 1999, p. 314]

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Algo nos inquietava. Precisávamos de rotinas e condutas no Serviço adaptadas à nossa cultura e realidade e não apenas copiadas de textos internacionais ou oriundos do Sul e Sudeste do País.
A partir de uma revisão iniciada pela Dra. Ticiana Rolim, então residente do Serviço, passamos a estabelecer condutas padronizadas nas enfermarias e ambulatórios de gastroenterologia do HGF. Com o passar dos anos, o nosso protocolo de condutas cresceu e se consolidou no Hospital e passamos a distribuí-lo, no início de cada ano, aos médicos, médicos-residentes e estudantes que conosco trabalhavam.
Esse ano decidimos ousar. Convocamos colegas do Serviço e ex-residentes do HGF para revisar os textos e ampliá-los para que pudéssemos dividir a nossa experiência ao longo desses anos com toda a comunidade médica do Ceará. Não escrevemos um compêndio nem uma obra acabada. Trata-se de um pequeno guia de condutas, adaptado à nossa realidade e embasado em experiências já publicadas, que possa ser conduzido, como um amigo e orientador inseparável, no dia a dia das enfermarias e ambulatórios.
Por fim, como não somos felinos e não poderemos ensiná-los o pulo do gato, tentaremos apenas ensinar O PULO DO GASTRO.
Dr. Sérgio Pessoa
[Pessoa, Francisco Sérgio Rangel de Paula. O pulo do gastro: manual de rotinas e condutas em gastroenterologia. – Fortaleza: Premius, 2010, p. 7]

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Vasco Arruda

Alguém disse: “Mawlana não fala”. Eu disse: “Foi minha imaginação que atraiu essa pessoa; minha imaginação não lhe diz: “Como vais?” ou “Como estás?” Ela a atraiu sem palavras. Se é dessa maneira que minha realidade atrai e conduz a outro lugar, o que há de espantoso nisso? A palavra é a sombra da realidade e seu complemento. Se a sombra atrai, a realidade atrai mais ainda. A palavra é um pretexto: o que faz uma pessoa ser atraída por outra é a afinidade que as une, não a palavra. Assistir a milhares de milagres e prodígios sem desfrutar dessa parte de profecia e santidade, de nada serve. É essa correlação que produz a febre e a inquietação. Se na palha não houvesse um pouco de âmbar, ela jamais se sentiria atraída pelo âmbar; ambos têm uma homogeneidade invisível e oculta.
Mawlana Rumi
[Jálál al-Din Rumi, Mawláná. Fihi ma fihi: o livro do interior. Tradução Margarita Garcia Lamelo. – Rio de Janeiro: Edições Dervish, 1993, p. 29]

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Vasco Arruda

Embora não haja consenso sobre a questão de sua origem, se a alquimia surgiu primeiro na China ou no Egito do período helenístico, não há dúvida de que, no mundo ocidental, sua tradição remonta a este último local e época e que o grego foi a primeira língua em que os textos alquímicos foram elaborados. Assim, é curioso que, desde seu início, a alquimia helenística estivesse imbuída da crença de que devia sua origem a uma ciência sagrada e secreta de tradição judaica, ou hebraica. Uma das formas assumidas por essa crença, mas sem nenhuma comprovação histórica, era a criação de uma pré-história bíblica e mítica para a alquimia; uma outra era a frequentemente proclamada, mas historicamente não comprovada, afirmação de que os judeus eram os únicos que estavam na posse de um verdadeiro conhecimento alquímico.
Por outro lado, existe comprovação histórica de que, em meio aos alquimistas do período helenístico, havia vários adeptos judeus, um dos quais Maria, a Judia, considerada por eles como a fundadora de sua arte. Zózimo e outros constantemente se referem a Maria como a autoridade suprema, tanto em termos da teoria quanto da prática da alquimia, e seus ensinamentos, em muitos casos na forma de concisos aforismos, são citados como se fossem pronunciamentos proféticos.
Raphael Patai
[Patai, Raphael. Os alquimistas judeus: um livro de história e fontes. Tradução Maria Clara Cescato e Diana Souza Pereira. – São Paulo: Perspectiva, 2009, p. 99. – (Perspectivas / direção J. Guinsburg)]

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Vasco Arruda

Nós mesmos, eis a grande questão da viagem. Nós mesmos e nada mais. Ou pouco mais. Certamente há muitos pretextos, ocasiões e justificativas, mas em realidade só pegamos a estrada movidos pelo desejo de partir em nossa própria busca com o propósito, muito hipotético, de nos reencontrarmos ou, quem sabe, de nos encontrarmos. A volta ao planeta nem sempre é suficiente para obter esse encontro. Tampouco uma existência inteira, às vezes. Quantos desvios, e por quantos lugares, antes de nos sabermos em presença do que levanta um pouco o véu do ser! Os trajetos dos viajantes coincidem sempre, em segredo, com buscas iniciáticas que põem em jogo a identidade. Também aí o viajante e o turista se distinguem e se opõem radicalmente. Um não cessa de buscar e às vezes encontra, o outro nada busca e, portanto, nada obtém.
Michel Onfray
[Onfray, Michel. Teoria da viagem: poética da geografia. Tradução de Paulo Neves. – Porto Alegre: L&PM, 2009, p. 75]